Mãe de Rafael Mateus Winques confessou morte do filho, disse a polícia. — Foto: Polícia Civil/Divulgação
O laudo do Posto Médico-Legal de Carazinho concluiu que o menino Rafael Winques, de 11 anos, morreu por asfixia mecânica por estrangulamento em Planalto, na Região Norte do estado. A informação é do Instituto-Geral de Perícias.
A mãe da criança, Alexandra Dougokenski, contou à polícia, na segunda-feira, dia 25, que o filho morreu após dar medicamentos para ele se acalmar. De acordo com o delegado delegado Joerberth Nunes, diretor do Departamento de Polícia do Interior (DPI), a mulher confessou o crime durante depoimento à polícia.
“Teria dado dois comprimidos de Diazepam para que ele dormisse com tranquilidade. Na madrugada, ela teria acordado e verificado, segundo ela, que a criança estava morta. Como que ela tinha a certeza que a criança estaria morta e não apenas desmaiada? Ela enrolou a criança no lençol, colocou fios em alguma parte do corpo e foi arrastando, segundo ela, até a residência ao lado”, afirma o delegado.
Na manhã desta terça, dia 26, a Polícia Civil informou que investiga a motivação e se mais alguém teve participação no crime. O corpo de Rafael foi encontrado no final da tarde de segunda após a mãe ter revelado onde deixou o cadáver.
“A motivação do crime é uma incógnita. Até o momento, todos os depoimentos coletados, nenhum indica qualquer desavença dessa mãe com esse filho. Isso torna o caso ainda mais complexo, mas certamente a Polícia Civil vai responder todas as perguntas”, disse o delegado.
A mulher foi presa temporariamente, e já está no sistema penitenciário. A Polícia Civil pode pedir a prisão preventiva dela.
'Muito serena e muito tranquila', diz polícia sobre a mãe
Rafael estava desaparecido desde o dia 15 de maio. A mãe chegou a dar entrevista à RBS TV dizendo que queria que o filho voltasse para casa.
Nunes contou que a mãe foi ouvida diversas vezes, e algumas questões começaram a intrigar os investigadores.
“Com o número de depoimentos que tínhamos, nós voltamos nosso radar para o comportamento da mãe. Primeiramente, o estado anímico da mãe. Desde o primeiro contato com a Polícia Civil, até o último contato que ela teve no dia de ontem [segunda], uma pessoa muito serena e muito tranquila em relação aos fatos”, explica.
A chefe de Polícia Civil, delegada Nadine Anflor, disse que, desde o início, a polícia suspeitava da participação de alguém da família, caso houvesse um possível homicídio.
“Homicídio que foi cometido pela mãe, mas que não se pode, até então, afirmar se somente por ela. Temos que apurar ainda vários fatos do que aconteceu na noite do crime”, relata a delegada.
De acordo com o delegado Nunes, uma equipe da polícia faz buscas na casa da mãe para encontrar o medicamento que ela diz ter dado ao menino.
“Como ela teve acesso a esse medicamento? Se esse medicamento existia dentro da casa, quem usava esse medicamento? E a mãe sabia os efeitos desse medicamento no corpo humano? Tudo isso precisa ser investigado”, afirma o delegado.
A polícia informou que viu semelhanças entre a morte de Rafael e o caso do menino Bernardo Boldrini, morto em 2014, em Três Passos. O pai e a madrasta de Bernardo, e mais duas pessoas, foram condenados pelo homicídio no ano passado.
“Começamos a analisar o caso Rafael com o do menino Bernardo. Fizemos contato imediato com a doutora Caroline Bamberg [delegada do caso Bernardo], e na data de hoje ela já estaria se dirigindo para analisar os fatos. Ela disse: 'Olha, isso é muito similar ao caso Bernardo'”.
Perícia na casa
O Instituto Geral de Perícias (IGP) de Passo Fundo fez testes com luminol, que revela a presença de sangue, na sexta-feira (22), na residência onde o menino residia com a mãe, na casa da avó dele e também em um carro que estava na casa da mãe.
Conforme a perícia, foram encontrados vestígios do que parece ser sangue no veículo, que foram colhidos e enviados para análise em Porto Alegre, para confirmar se é sangue humano. O IGP e a polícia aguardam os resultados.
O caso
Rafael desapareceu em 15 de maio, quando foi dormir e, na manhã seguinte, não estava mais em casa. A residência onde o menino mora com a mãe e um irmão de 16 anos não possuía sinais de arrombamento no dia do sumiço.
Inicialmente, a mãe disse que havia levado uma coberta para o menino antes de dormir, e pensou que ele havia saído pela manhã.
A polícia ouviu ainda o depoimento de familiares, vizinhos e outras pessoas para compreender a dinâmica familiar e a personalidade do menino. Câmeras de monitoramento da cidade foram analisadas. O celular de Rafael foi levado à perícia para verificar possíveis dados apagados.
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