Com uma expectativa de conquistar 10% do mercado de importações de carne suína ao Japão, os secretários do Mapa de Defesa Agropecuária, Enio Marques, e das Relações Internacionais, Célio Porto, estarão em Tóquio nesta quarta-feira (29) para discutir os próximos passos da negociação, após anúncio feito na segunda-feira (27) pela embaixada japonesa, demonstrando interesse em comprar carne de Santa Catarina.
Mesmo com a notícia, o presidente da Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS), Losivanio Luiz de Lorenzi, diz que é preciso ter cautela. “Precisamos comemorar, mas a curto prazo nosso problema continua. Além disso, mesmo que a negociação seja concluída, a demanda ainda é insuficiente para toda a nossa produção”, disse. Custo e falta de milho ainda são entraves, dizem produtores de carne suína sobre acordo com o Japão
O acordo com o Japão e a possibilidade de vender quase 100 toneladas ao ano, no entanto, resolvem parte do problema. “Em 2004, perdemos o mercado de exportação para a Rússia, que comprava 400 mil toneladas de Santa Catarina. Agora, estamos cautelosos. Ainda é preciso resolver a falta de milho e o alto custo da produção. Vamos esperar a parceria se efetivar para depois avaliar a perspectiva”.
Para o presidente da ACCS, desde 2007 o setor reivindica soluções, já que o preço da produção supera o valor de venda. “O estado produz 800 mil toneladas ao ano. Destas, 150 mil são para exportação e 200 mil para consumo interno. Mesmo se contarmos o que é consumido no país, ainda temos um excedente de 300 mil toneladas”, afirmou ele. O Brasil é o quarto maior exportador de carne suína do mundo. Somente em 2011, as vendas totalizaram US$ 1,3 bilhão em vendas, para 74 mercados.
Para a ministra de Relações Instituicionais, Ideli Salvatti, “a perspectiva que nós temos pelo volume de carne suína que o Japão compra é de que nós possamos quase que dobrar a nossa exportação de carne suína catarinense, com a possibilidade de crescer nos anos seguintes”, anunciou ela.
De acordo com o ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho, o objetivo da viagem para o Japão é negociar os termos para exportação do produto. “Iniciamos agora a fase de negociar os requisitos e o Certificado Sanitário Internacional (CSI), que irá amparar a exportação”, afirmou ele. Para o ministro, as exportações do produto podem começar já nos primeiros meses de 2013.
No ano passado, uma missão japonesa esteve em Santa Catarina para avaliar cinco frigoríficos. De acordo com o vice-presidente da Aurora, um dos frigoríficos visitados, Marcos Zordan, a exigência do Japão dá uma característica especial a Santa Catarina, já que é o único estado brasileiro que pode vender carne suína ao país, pois é livre de febre aftosa sem vacinação.
De acordo com o secretário de Agricultura de Santa Catarina, João Rodrigues, a comercialização da carne ainda depende das relações comerciais entre o país e as agroindústrias. A reunião que ocorre nesta quarta-feira (28) será o próximo passo e, conforme o presidente da ACCS, será apenas o começo da recuperação do setor.
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