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Antes do fim das apurações, Evo Morales anuncia que venceu no 1º turno na Bolívia

Última atualização 24 de outubro de 2019 - 15:12:10

Antes do fim das apurações, o presidente da Bolívia e candidato à reeleição, Evo Morales, anunciou nesta quinta-feira (24) que venceu as eleições gerais no 1º turno, porque teria garantido mais de 10 pontos percentuais de diferença sobre o adversário Carlos Mesa.

Na Bolívia, um candidato pode ser declarado vencedor no primeiro turno se tiver 50% dos votos mais um, ou se tiver 40%, com dez pontos de vantagem sobre o segundo colocado.

“Boas notícias… Nós já vencemos no primeiro turno”, disse Morales em entrevista coletiva, citando que no cálculo oficial – com mais de 98% das urnas apuradas – seu partido tem 46,83% dos votos, em comparação com os 36,7% de Mesa.

Faltando 1,5% dos votos de domingo (20) para contar, “ganhamos com o voto rural”, declarou Morales.

De acordo com o jornal “El Deber”, se essa tendência se mantiver, Evo Morales, de fato, ganhará no primeiro turno.

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Na quarta, Morales afirmou que a Bolívia “está em processo um golpe de estado”, em aparente referência aos protestos e à greve indefinida anunciados no país. Ele também afirmou que o país está em estado de emergência e “em mobilização pacífica, constitucional e permanente”.

Movimento pelo 2º turno

Na véspera, Carlos Mesa disse que não reconheceria os resultados do Supremo Tribunal Eleitoral, que ele acusa de ter manipulado os votos para favorecer Morales.

Mesa também anunciou a formação de uma “Coordenação de Defesa da Democracia”, com o objetivo de pressionar para que haja um segundo turno.

O objetivo da aliança com os partidos da direita e líderes centristas é “conseguir que se cumpra a vontade popular de definir a eleição presidencial no segundo turno”, destacou em uma nota publicada no Twitter.

O comunicado convoca os bolivianos à “mobilização pacífica até que se consiga o objetivo democrático da declaração do segundo turno eleitoral”.

Uma missão de observadores da Organização dos Estados Americanos (OEA) já recomendou que, diante da desconfiança sobre o processo eleitoral, “continua sendo uma melhor opção convocar o segundo turno”.

Confusão na apuração

A Bolívia tem dois sistemas de apuração simultâneos: o sistema de Transmissão de Resultados Eleitorais Preliminares, batizado de Trep, e o sistema de contagem voto a voto, que é mais lento.

O clima no país se deteriorou no domingo depois que o Trep foi suspenso no momento em que a contagem individual de votos começou a dar resultados muito distintos das atas de mesa da eleição.

Quando a divulgação foi suspensa, o Trep apontava uma tendência ao segundo turno. Porém, quando a contagem voltou Morales despontava na frente com uma vantagem que despesaria um segundo turno.

O governo anunciou que suspendeu a divulgação para evitar confusões já que o resultado estava dando muito diferente da contagem voto a voto.

Porém, apoiadores de Carlos Mesa denunciam uma suposta fraude nas apurações e foram para as ruas em várias cidades do país protestar. Houve relatos de confrontos entre apoiadores de Mesa e forças de segurança em Sucre, Oruro, Cochabamba e La Paz.

A Organização dos Estados Americanos questionou a contagem e citou uma mudança “drástica” e inexplicável na votação, que, segundo a organização, prejudicou a confiança dos eleitores no processo eleitoral.

Vários governos estrangeiros, incluindo Estados Unidos, Brasil e a União Europeia, também expressaram preocupação com a integridade da votação. Em uma reunião na quarta, a OEA recomendou a realização do segundo turno, mesmo que Morales alcançasse uma vantagem de 10 pontos percentuais.

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