Ao criar o'Diário de Classe', uma comunidade virtual no Facebook, Isadora Faber diz que não imaginava a repercussão. Queria que as portas e fechaduras de sua escola fossem consertadas e as aulas na escola em que estuda, em Florianópolis, melhorassem. A irmã mostrou uma página semelhante, de outra aluna, e ela resolveu resolveu criar a própria.
A primeira postagem foi sobre a porta do banheiro feminino, com recados escritos. Depois, a porta sem fechadura, os fios do ventilador à mostra, o vaso sanitário sem tampa, os bancos do refeitório quebrados, o balde utilizado como lixeira, e pouco a pouco ela mostrou problemas na estrutura da escola municipal em que estuda, Maria Tomázia Coelho, no Bairro Santinho.
A página no Facebook foi criada no dia 11 de julho deste ano e até às 14h desta segunda-feira (27) já tinha 2388 seguidores, com o número crescendo gradativamente. Segundo ela, esperava no máximo ter 100 seguidores e está feliz com o resultado, embora os pais tenham sido chamados duas vezes à escola. “Eles ameaçaram me processar, queriam que tirasse a página do ar. Enfim, não gostaram nada da história”.
Para a diretora da escola, a aluna postou fotos de alguns problemas que já haviam sido resolvidos. Além disso, ela afirma que há muitas ações em que a escola é destaque, inclusive mostrados no Facebook. “Há problemas, mas procuramos sempre resolver. Temos uma equipe que cuida de várias escolas da rede. Temos um espaço democrático, que se efetiva nos conselhos de classe. Seria interessante se as pessoas participassem desses espaços. Aí sim poderiamos resolver os problemas corretamente”, comentou ela.
A mãe de Isadora, Mel Faber, afirma que, apesar de terem ido duas vezes à escola, ela e o marido estão apoiando a filha. “Ela começou com a intenção de mobilizar a comunidade e levantou uma bandeira muito forte, pedindo para os colegas apoiarem. Ela está exercendo sua cidadania e desde o início disse pra ela que não era uma revolucionária de Facebook, mas teria que ir à escola e enfrentar as consequências. Ela disse que iria até o fim e vai mesmo”, afirmou ela, que também ficou surpresa com a repercussão, mas não pretende repreender a filha.
De acordo com a mãe, depois da criação da página, a Secretaria Municipal de Educação fez uma auditoria na escola e alguns problemas, como as fechaduras, já foram solucionados. Para uma professora da escola, o problema não é a manifestação da aluna, mas a abertura para outros comentários ofensivos. “A profissão de professor já é tão difícil e muitos comentários ainda estão nos desvalorizando ainda mais”, desabafou ela.
A Secretaria Municipal de Educação tomou conhecimento do caso nesta segunda-feira (27) e fará uma reunião, juntamente com a diretora da escola, antes de se posicionar sobre o assunto.
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