Com os impactos do
conflito Rússia-Ucrânia nas atividades portuárias, agroindústrias de Santa
Catarina pararam de embarcar produtos para aquela região. Por isso, milhares de
toneladas de carne estão retidas em armazéns das empresas, em portos ou em
navios em viagens, informa a Federação da Agricultura e Pecuária de SC (Faesc).
A suspensão de
embarques acontece também com empresas de outras regiões do Brasil e de outros
setores.
Os negócios de SC com a
Rússia e Ucrânia não são grandes atualmente e a Faesc não detalhou sobre
volumes suspensos atualmente. As exportações do agronegócio do Estado aos dois
países, em 2021, somaram US$ 66 milhões. Mas havia encaminhamento para o Brasil
exportar mais 100 mil toneladas de carnes ao mercado russo e empresas do Estado
participariam dessa oportunidade. SC estava tentando vender mais carne suína ao
país, que já foi o maior mercado do Estado lá fora para o produto.
Em função do conflito,
também estão suspensos os embarques de fertilizantes vindos da Rússia e
Ucrânia. Em ambos os casos, os contratos não foram suspensos, informa o
vice-presidente da Faesc, Enori Barbieri.
Segundo ele, entre as
razões da suspensão de embarques estão a limitação de atividades em portos
russos, bloqueio de empresas portuárias internacionais como punição à Rússia e
a dúvida se o exportador vai receber ou não pela venda. Isso porque a Rússia
foi excluída do sistema bancário internacional Swift.
Conforme levantamento
do Observatório Fiesc, as exportações para a Rússia, no ano passado, somaram US$
101 milhões e foram lideradas por carnes de aves (US$ 41,83 milhões). Da
agropecuária, foram também gelatina (US$ 13 milhões) e tabaco (US$ 6,71
milhões).
As importações daquele
país somaram US$ 194,30 milhões. As maiores compras do agro de SC foram de
fertilizantes nitrogenados (US$ 82,24 milhões) e fertilizantes com potássio
(US$ 5,85 milhões). Entre SC e Ucrânia, os maiores negócios do setor no ano
passado foram exportações de tabaco (US$ 4,05 milhões) e máquinas agrícolas
(US$ 348 mil).
Sem os mercados da
Rússia e Ucrânia por enquanto, as agroindústrias de carnes estão buscando
outras oportunidades no exterior. Com menos exportações, a tendência é de
estabilidade ou queda de preços de carnes aos consumidores do Brasil, mesmo
diante de altos custos de produção. Ainda antes da guerra, o país já tinha
excesso de oferta de carnes, o que vinha forçando o produtor do campo vender
com prejuízo. Agora, a situação está pior.
A Faesc está preocupada
com os impactos gerais da guerra na Rússia e Ucrânia, com pressão inflacionária
nos preços do milho, trigo, soja, fertilizantes e petróleo. São todos insumos
necessários à cadeia produtiva catarinense que terá que gastar mais para
produzir ou diminuir o uso de fertilizantes que, recentemente enfrentaram altas
até superiores a 300%.
O alto custo de
fertilizantes preocupa, mas o problema não é imediato porque a próxima safra
será plantada somente no segundo semestre deste ano. Para o presidente da
Faesc, José Zeferino Pedrozo, o Brasil precisa buscar a autossuficiência em
insumos agrícolas porque são poucos os fornecedores globais. Por isso ele
elogia a proposta do Plano Nacional de Fertilizantes, anunciada pelo Ministério
da Agricultura.
No atual momento do
mercado brasileiro, 25% dos fertilizantes vêm da Rússia. Com programa que torna
a produção mais competitiva, boa parte pode ser produzida no Brasil. Isso
porque o insumo é básico para a principal cadeia produtiva exportadora do país.
Até o momento, esse mercado foi pautado por preços, mas adversidades como a pandemia
e a guerra mostram que é preciso ter oferta de todos os produtos essenciais.
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