Agricultor constrói museu de relíquias com peças de coleção
Última atualização 13 de novembro de 2015 - 14:45:49
PALMITOS – De colecionador de móveis e objetos antigos a dono de museu, dez anos se passaram até que um agricultor, no interior de Palmitos, juntasse centenas peças do que ele chama de “relíquias”. Vilmar Von Mülhen, 57 anos, conhecido pelo apelido de Fumil da comunidade de Diamantina, reformou um paiol de três andares em sua propriedade para organizar o acervo, composto por peças que vÃo de garfos até uma máquina de bater manteiga.
Ainda, em seu museu particular, Fumil coleciona caixas registradoras, notas originais de réis, cruzeiros e cruzados novos, além de moedas. Dezenas de relógios, utensílios domésticos esmaltados, balanças, cestos de arame, triciclo, camas de molas, ferramentas de carpinteiros de diversos anos e modelos, máquinas de costuras, moedor de carne, lampiões, chuveiros de lata, bombas e facas antigas, documentos dos anos 40, ferros de passar roupas a carvÃo e muitos outros objetivos. “Consegui todo esse material percorrendo várias locais, como ferro veio. Muita coisa veio de outros agricultores que nÃo queriam”, conta.
O setor de relíquias eletrônicas tem diversos modelos de rádios, televisores e vitrolas/tocas discos que ainda funcionam. Com diversos discos de vinil, Fumil se diverte ao ouvir músicas de outras décadas, até dança com elas. “Tudo aqui tem uma história. SÃo coisas de várias partes do mundo que vieram parar aqui. Mas também tenho peças que sÃo de Palmitos mesmo e que contam um pouco do passado daqui,” diz o agricultor.
No setor agrícola, Fumil expôs todos os equipamentos utilizados há algumas décadas. Entre os equipamentos, o agricultor destaca a trilhadeira, prensa de torresmo, tachos, moedor de quirela, carrinho de mÃo de madeira, arados, canga de boi, e diversos tipos de moedores. “Fui percebendo que essas coisas antigas estavam indo embora e nÃo iria sobrar mais nada. E para que os jovens conhecessem como as coisas eram antigamente decidi guardar, e depois de anos guardando resolvi comprar essa propriedade e montar o museu. E aos poucos fui adquirindo objetos que ainda nÃo tinha. E hoje, esses objetos sÃo raros e nÃo existem mais”, declara.
UM PASSATEMPO: A CRIATIVIDADE
De paiol para museu. De chiqueiro para dormitórios. De casa para pousada. De pia de cozinha para soalho. De raízes de árvores para gamelas. Esses sÃo algumas restaurações que o agricultor fez para utilizar todo o material encontrado em sua propriedade, que sÃo dois hectares, equivalentes a 20 mil metros quadrados. “Uso a criatividade para construir essas pequenas coisas, reaproveito todo o material. Com um olhar diferente, é possível enxergar que num tronco deformado de uma árvore pode se tornar um balanço, que a roda de uma carroça antiga pode virar um lustre de luz ou até mesmo um cercado para área. A natureza é incrível, ela cria coisas espetaculares, de um pequeno pedaço de galho é possível enxergar o formato de diversos animais”, conta.
De uma plantaçÃo pequena de bambu, Fumil criou a ‘toca do bambu’, que segundo ele a beleza da natureza transforma as pessoas. “Se uma pessoa está desanimada e passar pela toca do bambu, vai captar uma energia com a beleza da natureza vai mudar de ideia, e ficar curada”, conta ele animado. Na propriedade, tem uma casa que está sendo restaurada para uma futura pousada. Nesta residência, contêm diversos cômodos, camas de mais de 70 anos. “Nesta construçÃo quero deixar os móveis antigos para que os visitantes voltem ao passado”, ressalta Fumil.
PROGRAMA TURISMO RURAL
Para que o museu e a pousada do Fumil adentrem na rota do Turismo Rural de Palmitos, o agricultor foi um dos selecionados para participar da primeira etapa do programa. O secretário de Indústria, Comércio, Serviços e Turismo, Vilson Miguel Sangalli, destaca o compromisso da secretaria para estruturaçÃo e desenvolvimento dos roteiros de turismo propostos pelo SC Rural. “O município tem um grande potencial para crescer nesse segmento que valoriza a cultura, as tradições, as belezas naturais e ao mesmo tempo gera oportunidades para melhorar a vida de quem vive no meio rural”, frisa.
Ele menciona que diversos setores do município serÃo abordados, entre eles: museus, pousadas, fabricaçÃo de melado, geléias, vinho, bolachas, pÃes, cucas, salame, horto medicinal, entre outros. Segundo Sangalli, para a primeira etapa foram selecionados cinco agricultores, de diferentes segmentos, para ingressar no programa e participar de palestras e capacitações. “O programa está sendo desenvolvido nos municípios de Palmitos, SÃo Carlos, Caibi, Águas de Chapecó e Planalto alegre, e para nÃo aglomerar foi selecionado cinco agricultores de cada município para a primeira etapa e, assim que eles estiverem aperfeiçoados, outros agricultores serÃo convidados”, explica.
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