Ações da Volkswagen caem 20% após escândalo sobre poluentes nos EUA
Última atualização 22 de setembro de 2015 - 08:52:33
A gigante alemà Volkswagen reconheceu ter equipado modelos a diesel nos Estados Unidos com um software que falsificava dados de emissões poluentes, um escândalo que lhe custará caro no plano financeiro e em termos de imagem.
A empresa anunciou a suspensÃo das vendas de seus diesel de quatro cilindros das marcas VW e Audi nos Estados Unidos, que representavam 23% de seus negócios nesse mercado.
Às 9h GMT (6h de Brasília), as ações da Volkswagen eram negociadas a 126,35 euros, uma baixa de 22,20% em relaçÃo ao fechamento de sexta-feira. As ações da empresa na Bolsa de Frankfurt fecharam esta segunda com queda de 17,14%.
“Desastre”, “hecatombe” — a imprensa alemà buscava as palavras para descrever a situaçÃo da empresa que é orgulho nacional e líder mundial de vendas no primeiro semestre do ano.
O caso, revelado pela Agência de ProteçÃo Ambiental dos Estados Unidos (EPA), terá consequências financeiras consideráveis para o grupo, que ainda nÃo se podem calcular, sem contar o prejuízo para “a imagem e a credibilidade da Volkswagen em todo o mundo”, disse à AFP o analista do setor automobilístico Ferdinand Dudenhöffer.
Segundo as autoridades americanas, 482 mil veículos das marcas Volkswagen e Audi fabricados entre 2009 e 2015, e vendidos nos Estados Unidos, foram equipados com um sofisticado software que permitiria reduzir suas emissões poluentes ao serem submetidos a um teste de poluiçÃo. Graças a essa fraude, os veículos obtinham um certificado ecológico.
Dúvidas sobre outros mercados
A artimanha informática poderá custar ao grupo 18 bilhões de dólares em multas e mais bilhões resultantes da retirada dos veículos do mercado, sem contar com as indenizações aos clientes prejudicados.
As suspeitas podem estender-se no setor. O governo alemÃo pediu às automobilísticas que demonstrem a veracidade de seus dados de emissões poluentes, a fim de “investigar se houve manipulações semelhantes na Alemanha ou na Europa”.
Volkswagen já enfrentava “um momento difícil” no mercado americano, aponta Frank Schwope, analista do banco Nord/LB. A marca alemà esperava compensar com seus motores diesel suas carências nesse mercado.
Winterkorn salvará seu posto?
Agora, a Volkswagen corre o risco de transformar-se em “um pária para o governo e quem sabe também para os consumidores norte-americanos”, afirma Max Waburton, analista da Bernstein, citado pela Bloomberg.
O presidente da Volkswagen, Martin Winterkorn, de 68 anos, pediu desculpas no domingo.
— Pessoalmente, lamento muito que tenhamos traído a confiança de nossos clientes e do público — declarou, prometendo cooperar com as autoridades na investigaçÃo.
O mandato de Winterkorn deve ser prolongado até o final de 2018 na reuniÃo que o Conselho de Vigilância da empresa realizará em 25 de setembro. Essa decisÃo deve confirmar a vitória do executivo no duelo de bastidores travada com seu ex-mentor e homem forte da empresa, Ferdinand Piëch. Agora esses planos podem estar a perigo.
— Winterkorn é o chefe da divisÃo de desenvolvimento da marca Volkswagen. O Conselho de Vigilância nÃo pode fazer-se de desentendido do assunto. A Volkswagen precisa de um retomada, que na minha opiniÃo nÃo pode ser feita com Winterkorn — diz Dudenhöffer.
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