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“A Força do Povo” move ação e pede a cassação de Valar e Trevisan

Última atualização 28 de dezembro de 2012 - 08:03:38

SÃO MIGUEL DO OESTE

A coligação “A Força do Povo” convocou uma coletiva de imprensa na tarde de ontem, quinta-feira, no Hotel Solaris, para anunciar que ajuizou no Ministério Público uma ação de investigação judicial eleitoral com pedido de liminar e exibição de documentos. Na mesma ação, a Coligação pede a cassação do prefeito e vice eleitos João Valar e Wilson Trevisan. Segundo a assessora jurídica da Coligação, Maria Tereza Capra, a ação busca investigar supostos abusos cometidos pela coligação de oposição “Unidos por São Miguel” durante a eleição de outubro, o que culminou na vitória de João Valar com mais de quatro mil votos de vantagem frente ao atual prefeito Nelson Foss da Silva, do PT.

Maria Tereza acrescenta que o pedido é para que a justiça investigue se houve abuso de poder político e econÔmico, além de uso indevido dos meios de comunicação durante o pleito. Caso a denúncia se confirme, que os envolvidos sejam punidos com a cassação do mandato. Segundo ela, a Coligação reuniu provas de algumas ações, as quais considera irregulares. Uma delas seria a distribuição de panfletos ofensivos e injuriosos contra membros da coligação a “Força do Povo” e outras relacionadas com a divulgação de materiais em DVD, na rede social Facebook e matéria jornalística no Jornal Folha do Oeste. O material relatava um suposto caso de corrupção na prefeitura, a qual envolveria o prefeito Nelson Foss da Silva, o secretário de Infraestrutura, Idemar Guaresi, e o diretor da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e vereador eleito José Giovenardi.

Tereza diz que foi agregada na denúncia uma nota fiscal que comprova a impressão de mais de 12 mil fotocópias da matéria divulgada no jornal Folha do Oeste, posteriormente distribuídas de casa em casa em todo o município, além de distribuição gratuita de jornais na cidade. Além disso, a advogada acrescenta que a ação ganha força com uma carta escrita e protocolada no Ministério Público de Chapecó por Ivan Carlos Corassa, na qual acusa membros da coligação “Unidos por São Miguel” de orquestrar manobras para denegrir a imagem de membros da Coligação “A Força do Povo”, em especial a imagem do prefeito Nelson, Guaresi e Giovenardi.

Na coletiva, o prefeito Nelson Foss da Silva disse não reconhecer o governo de João Valar por entender que o processo eleitoral não atendeu as premissas da democracia. Ele ainda condenou manobras de campanha, apontando DVDs, matéria em jornal e panfletos anõnimos, segundo ele caluniosos e injuriosos, os quais teriam contribuído para acabar com sua imagem e provocar a consequente derrota nas urnas.

O deputado Padre Pedro Baldissera, presente no evento, disse que irá levar o depoimento de Corassa até a Assembleia Legislativa e fará a leitura deste na tribuna. Baldissera disse ainda que também encaminhará o depoimento ao colega petista Pedro Uczai, deputado federal, para que este também leia o documento na Cãmara, para que seja repensado o processo democrático durante as eleições.

A AÇÃO

A ação foi ajuizada contra o prefeito eleito João Carlos Valar, o vice eleito Wilson Trevisan, o presidente da Cãmara de Vereadores, Flávio Ramos, o coordenador de campanha João Carlos Grando, o radialista Ageu Vieira, o proprietário do Jornal Folha do Oeste, Miguel Ângelo Gobi, e outros três integrantes da equipe de campanha, o proprietário do Estúdio IAF, responsável pela gravação dos programas de rádio, Ivan Ansolin, e os profissionais Julio Tiezerini e Sonia Basei. Com exceção do prefeito e vice eleitos, os demais são apontados por Ivan Corassa como atores de uma série de ações com intuito de manchar a imagem de integrantes da coligação “A Força do Povo”.

Além do pedido de cassação, a coligação também entrou com outra ação, na qual pede a anulação dos votos dos vereadores eleitos Vanirto Konrad e Valnir Scharnoski, pois entendem que as coligações que os dois integravam na proporcional não contemplaram a porcentagem exigida por lei de candidatas no sexo feminino. Segundo a advogada Maria Tereza Capra, as duas coligações não apresentaram a porcentagem necessária de candidatas até o final do pleito, pois algumas teriam abandonado a disputa.

Grando nega as acusações

Em virtude do horário da coletiva, às 16h, e a necessidade de fechamento da edição, a reportagem do Gazeta Catarinense não conseguiu contatar todos os citados no processo, mas adianta que deixa em aberto o espaço para que se pronunciem, se assim desejarem. Em contato com João Grando, o coordenador de campanha negou que tenha havido pressão do PMDB contra Corassa. “Desafio ele a provar que eu o procurei uma única vez ou se fiz uma única ligação para esse cidadão”, desafia. “Em uma única oportunidade eu o encontrei e ele me relatou algumas questões, quando o orientei a procurar o Ministério Público. Foi em uma única ocasião e não por eu o ter procurado. Se ele conseguir provar que eu o procurei, largo minha vida pública”, complementa.

Grando ainda disse não entender porque os depoimentos do presidente da Cooperativa passaram a valer agora, enquanto antes eram desqualificados. A reportagem ainda tentou manter contato com outros citados no processo, mas sem sucesso. Em contato com a Rádio Peperi, Flávio Ramos disse que desconhece as denúncias e que a coligação buscará mais informações antes de se pronunciar.

Ivan Corassa protocola depoimento no Ministério Público

A ação que está sendo ajuizada pela Coligação “A Força do Povo” é embasada em um depoimento escrito, assinado e registrado em cartório pelo presidente da Cooperativa Mista de Profissionais AutÔnomos e Comércio de Materiais (Cooperastec), Ivan Corassa, empresa que trabalhou em obras do município e hoje vive uma briga jurídica com o poder Executivo, alegando ter dinheiro a receber.

No depoimento assinado e protocolado no Ministério Público (MP), Corassa diz que foi procurado por integrantes do PMDB, os quais teriam feito ofertas e promessas de ajudar a cobrar a dívida em troca de informações sobre a denúncia que havia feito ao MP anteriormente. Conforme cita no documento, ele teria participado de um primeiro encontro com o presidente do Diretório Municipal do PMDB e coordenador de campanha, João Carlos Grando, além do presidente da Cãmara de Vereadores, Flávio Ramos, e Moacir Martello, outro peemedebista.

No relato encaminhado ao MP, Corassa acrescenta que teria recebido oferta de valores em dinheiro para ajudar a Cooperativa a sair da difícil situação financeira pela qual passava, além de assessoria jurídica e proteção pessoal. Em troca, algumas exigências teriam sido feitas.

Segundo Corassa informou ao MP, as exigências seriam a entrega de cópias de tudo o que tinha contra os integrantes do Partido dos Trabalhadores, contra o prefeito Nelson Foss da Silva, contra o vereador eleito e ex-secretário de Obras, Idemar Guaresi, e contra o vereador eleito José Giovenardi. “Queriam também expor para toda a sociedade em jornal local aquilo que eu tinha denunciado, pois temiam uma possível derrota nas urnas e queriam ganhar a eleição a qualquer custo, pois por mais que as pesquisas apontavam uma pequena margem de ganho de votos ao candidato João Valar, do PMDB, viram uma grande possibilidade de aniquilar com o atual prefeito”, afirma.

AMEAÇAS

Corassa diz que não aceitou a proposta, pois via maldade na ação e a intenção de usá-la para vencerem eleição. Porém, segundo relatou ao MP, após a negativa os integrantes do PMDB não ficaram satisfeitos com a resposta recebida. Cita que dois dias depois da primeira conversa passou a receber ameaças. “Começaram a mandar várias pessoas para me influenciar e me ameaçar, me deixando apavorado, com medo e com dúvidas em relação à demora da justiça. Criaram uma verdadeira briga interna entre os integrantes da Cooperativa”, cita.

Corassa acrescenta que as ameaças continuaram. “Se o PMDB ganhasse a eleição sem nossa ajuda e colaboração seria difícil recebermos os valores devidos pelo município à Cooperativa”. Em depoimento, Corassa disse ainda que os integrantes do PMDB teriam tentado lhe convencer de que eram os únicos que poderiam garantir proteção a ele, pois tinha muita gente influente na justiça e integrantes da Polícia Civil e Rodoviária que iam lhe dar proteção policial.

NOVO ENCONTRO

Conforme relata no documento, diante das ameaças que teria recebido, decidiu dar ouvidos aos três integrantes do PMDB e marcar um novo encontro na penúltima semana antes do pleito. Desta vez, teriam participado Flávio Ramos e o advogado Alessandro Tiesca. Segundo relatou Corassa, o pedido era para que concedesse uma entrevista ao radialista Ageu Vieira, ao Jornal Folha do Oeste e depois ao Estúdio IAF Multicomunicações, empresa responsável pela gravação dos programas eleitorais da coligação encabeçada por Valar. “Sempre prometeram que não iam usar sem nossa autorização antes e nem depois da eleição”.

No depoimento, Corassa cita ainda que decidiu aceitar a proposta, mas que não aceitaria propina e que seria feita uma carta aberta à população registrada em cartório, que se quisessem poderiam divulgá-la na mídia e jornais. A partir daí, segundo ele, foi levado para fazer uma entrevista com o radialista Ageu Vieira e entrevista à Rede Ric TV, em Chapecó.

ENTREVISTAS

Ele acrescenta no depoimento escrito que depois teria sido levado ao Estúdio IAF, do jornalista Ivan Ansolin, onde era gravado o programa eleitoral do PMDB. “Gravaram uma entrevista conosco, onde faziam as perguntas que queriam. Depois fiquei sabendo que com essa gravação montaram um CD que foi distribuído à população. Por último, essas pessoas nos levaram ao Jornal Folha do Oeste, onde gravei mais uma entrevista e me fotografaram. Também me pediram para criar um perfil no Facebook em meu nome e que repassasse a senha a eles. Vi depois que colocaram a entrevista que dei no meu Facebook”, cita.

Corassa cita em depoimento que após conceder as entrevistas foi levado com a família a uma chácara em Faxinal dos Guedes, acompanhado de três policiais a paisana. Segundo ele, a alegação era de que ficar em São Miguel do Oeste poderia ser muito perigoso. “Fiquei acompanhado por quatro pessoas até o domingo das eleições. No caminho nos orientaram a não voltar nem para votar, pois era muito perigoso. Fizemos tudo o que mandaram. Por fim, pedimos novamente para que não usassem as entrevistas antes das eleições”, alega.

Corassa afirma em seu depoimento, que dois dias após o pleito retornou ao município e viu que o acordo não havia sido cumprido. “Aonde eu chegava, em bares, nas lojas, na casa de parentes e amigos alguns me chamavam de herói, enquanto outros me xingavam pelo que eu tinha feito com as eleições.

Corassa diz se sentir traído e enganado por pessoas e políticos que o usaram em momento de fraqueza. “Indignado com os mesmos, procurei essas pessoas e cobrei delas porque mentiram e nos usaram para ganhar uma eleição com deslealdade. E perguntei aos mesmos se iam me defender dos processos. Agora sim que acabaram com a minha vida e da Cooperativa de vez”, finaliza.

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