No Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, a Organização Mundial da Saúde (OMS) pediu mais ações na prevenção de casos de pessoas que tiram a própria vida. A estimativa é que quase 3 mil pessoas cometam suicídios todos os dias no mundo – um a cada 40 segundos. Segundo a entidade, essas iniciativas são de responsabilidade coletiva e devem ser lideradas por governos e sociedade civil.
Apesar de prevenível, o suicídio responde como uma das três principais causa de morte entre pessoas economicamente ativa com idade entre 15 e 44 anos e como a segunda maior causa de morte entre pessoas de 15 a 19 anos. Os idosos, de acordo com a OMS, também apresentam alto risco de cometer suicídio.
As recomendações integram o documento Public health action for the prevention of suicide (em tradução livre, Ação de Saúde Pública para a Prevenção do Suicídio), lançado pela instituição para incentivar debates pela passagem da data. A publicação, em inglês, está disponível no site da entidade.
— Em nível global, é preciso ter consciência de que o suicídio é a principal causa evitável de morte prematura. Os governos precisam desenvolver políticas e estratégias nacionais de prevenção ao suicídio. A nível local, resultados de pesquisa precisam ser traduzidos em programas de prevenção e atividades nas comunidades — destacou a organização.
Em 2006, o Ministério da Saúde publicou uma portaria que instituiu as Diretrizes Nacionais para Prevenção do Suicídio, a serem implantadas em todos os estados e no Distrito Federal. A ideia é que cada ente federado desenvolva estratégias de promoção de qualidade de vida, de proteção e recuperação da saúde e de prevenção de danos, além de promover a sensibilização de que o suicídio é um problema de saúde pública que pode ser prevenido.
De acordo com o coordenador do Centro de Valorização da Vida (CVV) na região do ABC Paulista, Carlos Alberto Correia, o tema dificilmente é tratado de forma aberta pelos governos e pelas próprias pessoas envolvidas.
— É uma questão muito delicada para todos – inclusive para os próprios familiares. Há quase um pacto no íntimo de cada um para não se falar sobre isso — disse.
Para Correia, uma das estratégias de prevenção ao suicídio consiste em uma autoanálise periódica, na qual cada indivíduo avalia sua saúde física e emocional.
— Estou cuidando de mim? Comendo bem? Praticando esportes? Abusando de álcool ou outras drogas? Isso já é um começo para ver até que ponto estou colaborando para não gerar problemas lá na frente — explicou.
Outro método prevê a abertura de um canal de comunicação em ambientes de convivência.
— Os professores, por exemplo, estão dia a dia com os alunos e percebem no olho de cada um quando algo não está bem. Poderiam abrir esse canal de comunicação dando atenção, tentando entender o que está acontecendo, facilitando o desabafo — destacou.
Correia comentou ainda a alta taxa de reincidência do suicídio – no Brasil, estimativas do CVV dão conta que mais de 80% das pessoas que tentaram tirar a própria vida uma vez voltaram a cometer o ato. Um dos apelos da entidade é que seja criada uma rede telefÔnica gratuita para atender a pessoas emocionalmente instáveis e que precisam de aconselhamento. Atualmente, o serviço141 (Linha da Vida) funciona 24 horas todos os dias, mas quem liga precisa pagar pela tarifa telefÔnica.
— Ás vezes, isso dificulta porque a ligação se prolonga quando a pessoa liga para desabafar', disse Correia. 'As pessoas precisam, mas, muitas vezes, não encontram alguém de confiança para fazer isso. Trata-se de uma tristeza que não vai embora. Precisamos mostrar para essas pessoas que, ao perceberem os sinais e se sentirem impotentes, tentem caminhar para uma ajuda profissional — completou.
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