A infãncia de muito adulto foi de diversão sobre as duas rodas (às vezes, quatro) de uma bicicleta. Estima-se que a frota de bikes hoje no Brasil seja de 70 milhões de unidades — uma para cada três brasileiros. Ainda assim, há quem diga que a magrela não está mais entre as preferências da criançada. A culpa seria dos eletrÔnicos, que, de certa forma, estariam substituindo o passeio de bici na pracinha.
Com o sucesso de tablets, videogames e smartphones entre a gurizada, muitos pais têm deixado de estimular que seus filhos aprendam a pedalar. Agendas lotadas ou falta de segurança estão entre as principais justificativas.
Em algumas lojas da capital gaúcha, a queda nas vendas e os relatos dos consumidores sugerem que as crianças estão andando menos de bicicleta, afirma Fernando Barrionuevo, gerente de um estabelecimento na Avenida Ipiranga. Segundo ele, hoje em dia quem mais pedala são os adultos, para transporte e deslocamento até o trabalho.
— A maior parte das vendas de bicicletas de aros 16 e 20, voltadas a crianças de até 12 anos, é para pais que tentam tirar os filhos de casa — observa Barrionuevo.
Apesar da rotina dos adultos reservar pouco tempo aos passeios de bike com os filhos hoje em dia, há quem defenda que esse é um hábito que nunca sairá de moda. De acordo com o diretor-executivo da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo), José Eduardo Gonçalves, apesar do movimento pró-bike ter mobilizado mais os grandinhos, as crianças também acabam pegando carona nessa onda. Dados da entidade mostram que as vendas de produtos infantis representam, atualmente, 32% do total do consumo nacional.
A introdução das crianças no uso da bicicleta depende muito dos pais. Quando levadas nas cadeirinhas da bike dos adultos, as crianças são estimuladas desde cedo a gostar do hábito. Segundo a gerente de vendas de uma loja da Capital, Simone Santos, as crianças pegam gosto pelo pedal ao observar o hábito de seus responsáveis e de outros a sua volta. Mas concorda que a concorrência é grande:
— É muito mais cÔmodo para os pais colocar a criança na frente da TV. Mas a diversão sobre duas rodas é atemporal.
Mãe dos pequenos RÔmulo Augusto, três anos, e Maria das Graças, cinco anos, Ana Cristina Figueiró presenteou os filhos com bicicletas em junho de 2011. O objetivo era estimular atividades de convívio social externo e evitar que os hábitos mais sedentários dominassem a rotina dos dois. Com apoio das rodinhas, eles se divertem entre uma ida à pracinha e outra. A mãe tem boas lembranças da época em que a bicicleta era sua principal diversão. E torce:
— Tomara que eles peguem gosto pela coisa.
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