Dados da Secretária da Saúde indicam que mais de 7% da população de Chapecó, no Oeste de Santa Catarina, tem hepatite do tipo B crÔnica, o que representa mais de 14 mil pessoas infectadas. Os números colocaram o município no primeiro lugar do ranking no estado e as estatísticas revelam um dado ainda mais preocupante, 60% da população já teve contato com o vírus.
Quem já teve hepatite não pode doar sangue, por isso, no Hemocentro de Santa Catarina (Hemosc), o número de doadores vem reduzindo por causa da doença. “A gente perde um grande número de bolsas coletadas por causa da hepatite”, afirma Eli Ihele, enfermeira do Hemosc.
A doação de órgãos também é prejudicada por causa do vírus. Das 60 córneas coletadas todos os anos na cidade, pelo menos 20 precisam ser descartadas. “No Brasil a média de descarte de córneas por hepatite é 10%. Na nossa região, nesses três anos de capitação em Chapecó, estamos chegando a um descarte de 30%”, diz o médico Celson Bonfante.
A hepatite B ataca o fígado e pode provocar cãncer ou cirrose. “Ele pode causar dano no fígado como um navio que está no mar há vários anos. O casco do navio é como se fosse o fígado e a água batendo é como se fosse o vírus. Fica batendo, fica batendo e tem um pouco lesão. Depois tira a tinta, faz uma ferrugem, um buraquinho e depois um rombo”, explica o médico Ricardo Biffi.
A transmissão pode ocorrer durante o sexo sem uso de preservativo, pelo contato com sangue contaminado (serinda compartilhadas) ou da mãe para o feto durante a gestação. Uma pesquisa pela Sociedade Brasileira de Hematologia concluiu que 51% dos entrevistados não tem qualquer tipo de informação sobre a hepatite. Em Chapecó, no setor exclusivo de atendimento aos portadores do vírus, cerca de 400 pessoas são atendidas todos os meses. Os números cresceram 100% nos últimos três anos.
“O que se tem é que ele veio com os descendentes italianos. Como antigamente as comunidades não tinham essa estrutura de saúde, não se tinha todo esse cuidado com o sangue. Tínhamos muitas situações de se utilizar uma seringa de vidro, uma agulha e várias pessoas aplicavam ao mesmo tempo. Então, se uma era portadora, outras pessoas também acabavam infectadas”, afirma Maria Luiza Trizotto, coordenadora do setor de hepatites.
A imunização contra hepatite B é realizada em três doses, com intervalo de um mês entre a primeira e a segunda dose e de seis meses entre a primeira e a terceira dose. A vacina, após administração do esquema completo, induz imunidade em 90% a 95% dos casos. Com o tempo o vírus pode ser erradicado. A última pesquisa realizada pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) com alunos da rede municipal constatou que crianças e adolescentes com idades entre 10 e 16 anos que receberam as vacinas não possuem o vírus.
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