O motorista que supostamente estava dirigindo o caminhão envolvido em acidente com cinco mortes em Palhoça deverá responder por homicídio culposo, ou seja, sem a intenção de matar. A informação é da delegada Marcela Goto, que ficará responsável pelo caso. Segundo ela, não há — por enquanto — a possibilidade de enquadrar o caminhoneiro no crime de homicídio doloso, em que a pessoa assume o risco de causar a morte.
— É muito difícil. Ele fez o bafÔmetro e não deu nada. E tambémnão dá praprovar queo caminhoneiro estava usando alguma outra droga, como rebite, por exemplo.Por issonão temos como classificar como homicídio doloso — explicou a delegada — Claro que neste caso tem o agravante de que eles não prestaram o socorro. Mas o complicado do homicídio culposo é que não podemos sequer pedir a prisão — concluiu.
A Polícia Civil (PC)também levanta dúvidas sobre quem realmente estava dirigindo o caminhão. Imagens do pedágio localizado antes do ponto do acidente na BR-101 indicam que a pessoa que estava guiando o veículo usava roupa diferente da que omotorista usava no momento em que se apresentou na Delegacia de Polícia de Capivari de Baixo.
A delegada Marcela acredita que o depoimento de um morador de São José, que presenciou o acidente, pode ser esclarecedor.
— Vamos confrontar os depoimentos com as provas. Não temos certeza se a pessoa que assumiu era quem realmente estava dirigindo. As imagens do pedágio mostram que há diferença nas roupas. Por isso temos de esperar o relato dessa testemunha e tentar esclarecer essa situação. Essa testemunha pode ter visto exatamente quem desceu do caminhão do lado do motorista.
A delegadavai analisar o laudo que a perícia fez no local do acidente. O levantamento realizado pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) também será utilizado no inquérito. A polícia deverá ouvir ainda um policial rodoviário que atendeu a ocorrência.
— Também temos de acessar os depoimentos que essas pessoas deram em Capivari de Baixo. Tentar identificar como eles chegaram até lá. Se eles tivessem permanecido no local a situação seria outra. A impressão que temos é de que o depoimento prestado pelo caminhoneiro foi dado com base na orientação de um advogado. Vamos ver se o relato do policial rodoviário pode ajudar nisso também— concluiu a delegada Marcela.
Sobre o acidente
Por volta das 5h40min de segunda-feira, 11 de junho, um caminhão com placas do Sergipe teria invadido a pista contrária da BR-101 no Morro dos Cavalos, batendoem um Pálio Weekend e em um Gol. O acidente ocorreu na altura do km 236 da rodovia.
No Gol, morreu no local o encanador Cristiano Alves, 37 anos, que dirigia o carro (na montagem acima ele aparece na parte de baixo à direita). Já o passageiro Volnei Borges Teixeira, 39 anos,foi levado para o Hospital Regional de São José, mas não resistiu aos ferimentos. Outros dois ocupantes desse veículo ficaram feridos.
Após o acidente, os ocupantes do caminhão fugiram do local.O suposto motorista do veículo, identificado como Valfredo Souza, 66 anos, se apresentou horas depois na Delegacia de Polícia de Capivari de Baixo, no Sul de Santa Catarina. O advogado dele, Vilmar Costa, contou que estava chovendo muito na rodovia e Souza teria perdido o controle do veículo, invadindo a pista contrária.
Segundo o advogado Vilmar Costa, além do motorista, estavam no caminhão o filho de Souza, Valfredo Souza Júnior, 31 anos, e Cleber de Souza Ferreira, 48. Os três se revezavam na direção desde o Sergipe, de onde haviam saído por volta das 3h de sexta-feira. Eles trabalham no transporte de caminhões.
De acordo com o advogado, o trio fugiu do local do acidente pelo o risco deagressão. Elesteriam ido de carona até Criciúma. Depois, na companhia do advogado, seguiram para a Delegacia de Capivari de Baixo, onde chegaram às 8h30min de segunda-feira, cerca de duas horas depois da colisão. Os trêssairam ilesos.
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