O primeiro caso de Covid-19 foi confirmado no Brasil em 26 de fevereiro de 2020, causando diversas preocupações à população e, em especial, para os profissionais da Saúde. O vírus, identificado no final de 2019 na cidade de Wuhan, província de Hubei, na República Popular da China, nunca havia sido identificado em humanos.
Nas semanas seguintes, foram confirmados milhares de positivações em todo o mundo e não demorou para que o vírus chegasse à região Oeste de Santa Catarina. Palmitos confirmou seu primeiro caso em 24 de abril de 2020. As medidas de proteção e diminuição de contágio, já amplamente divulgadas naquele momento, foram ampliadas com a exigência de uso de máscara em todos os locais e campanhas para que a população evitasse sair de casa.
Comércios fechados, eventos suspensos, distanciamento social e toque de recolher protagonizaram cenas de filmes. Sem muitas informações, o medo pairou por todo o mundo enquanto pesquisadores buscavam incansavelmente uma cura para a doença e os agravantes encontrados pelo caminho.
A orientação principal era para que a população evitasse realizar confraternizações e permanecesse em casa. Os abraços calorosos e o tradicional chimarrão entre os amigos e famílias, foram substituídos por acenos e cuias individuais. Os natais, páscoa, datas comemorativas, aniversários e simples encontros de família, foram reinventados. As adaptações foram gigantes. Nas escolas, professores e profissionais se reinventando na profissão para atender os alunos de forma remota e garantir que a informação e o conhecimento chegassem a cada lar. A Secretaria de Educação de Palmitos, além das atividades remotas, entregou cestas básicas para as famílias e investiu em estar presente, mesmo de longe. “Foi um período desafiador, onde tivemos que nos adaptar, buscar mais conhecimento e usufruir das possibilidades da tecnologia para conseguir levar conhecimento aos alunos. Realizamos diversas atividades de forma remota, acompanhamos por vídeos, entregamos atividades mensalmente para realizar em casa. Nos esforçamos, as famílias colaboraram e fizeram sua parte e vencemos. Hoje estamos nas escolas, com segurança e a certeza de que a educação deu o seu máximo para retornarmos de forma saudável”, argumenta a secretária da pasta, Loreci Pfeifer.
SAÚDE CONTINUA COMO PRIORIDADE
O segmento da saúde sem dúvidas, foi o mais atingido. Durante a pandemia, a média trimestral de atendimentos ultrapassou a marca de sete mil. Em 2021, o valor investido na compra de testes de covid-19 somou R$ 858.067,87, de recursos próprios do município. O secretário Juarez Rossini, que assumiu a pasta durante a pandemia, destaca que o combate à covid-19 foi uma das prioridades do município, que realizou campanhas de conscientização, campanhas de vacinação e prestou todo apoio necessário à população.
“Saúde é uma área com muitos desafios e ainda tivemos de enfrentar a pandemia, em que obtivemos êxito na assistência aos pacientes acometidos pela Covid-19, e a redução de danos no processo de adoecimento da população. Seguimos nesse combate e com projetos importantes”, argumenta.
A RETOMADA
Com o trabalho incansável da área da saúde e a contribuição da população em seguir as orientações, os casos foram diminuindo e as atividades puderam ser retomadas. A pandemia da Covid-19 ficou registrada na história mundial para além das estatísticas negativas. Ganharam destaque também a empatia, a solidariedade e a garra em ultrapassar todas as barreiras que surgiram.
Hoje (21/12), Palmitos possui, no total, 3742 casos positivados desde o início da pandemia, 74 óbitos, 3645 recuperados e 25 ativos. O atendimento a pacientes com sintomas acontece nas duas unidades de saúde do município, com realização de exame para diagnóstico, tratamento e isolamento dos pacientes positivos. No hospital o atendimento acontece, também, em especial nos casos mais graves quando da necessidade de internação ou em finais de semana e feriados, quando não há atendimento na unidade básica. No hospital, também é realizado o teste e isolamentos.
Com a retomada das atividades, os atendimentos na saúde foram ampliados. “Realizamos diversas atividades importantes, como mutirão de cirurgias eletivas de pequena, média e alta complexidade, consultas e exames, convenio com o Hospital Regional de Palmitos para prestação de serviços de sobreaviso médico, pequenos procedimentos, exames ambulatoriais e plantão médico, cinco (05) médicos atendendo nas unidades de saúde, medicamentos para toda a população e muitas outras ações buscando o melhor atendimento possível”, relata Rossini.
ECONOMIA APRENDEU A SE REINVENTAR
O comércio, a prestação de serviços e a indústria, que geram emprego e renda, também tiveram que se adequar as adaptações impostas pelo vírus. Com a retração da economia e a queda na movimentação nas cidades, diversas empresas saíram do mercado e profissionais migraram de profissão para garantir o sustento de sua família. Resiliência foi a palavra-chave desse contexto.
Hoje, mais de dois anos após o início da pandemia, todos os setores já retomaram suas atividades de forma gradual, com atendimento ao público e convivência social. Os riscos de contrair a doença, ou a gravidade do contágio, diminuíram drasticamente com o aporte de massivas campanhas de vacinação.
E o ciclo, aos poucos também foi se reconhecendo. Lojas já vendem roupas e acessórios para eventos, que já contratam artistas e firmam parcerias, que também fomentam o desenvolvimento regional. Empresas já disponibilizam viagens, com parcerias nos setores de hotelaria, gastronomia e deslocamento. A roda voltou a girar e trazer em suas engrenagens a esperança de dias mais felizes e prósperos para a economia mundial e, consequentemente, regional.
O presidente da Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina – Facisc e empresário palmitense, Elson Otto, ressalta que nos dias difíceis o papel das Associações Empresariais foi se manter próximo ao associado, promovendo a união para vencer as dificuldades e conectar pessoas para compartilhar conhecimento e experiências. “Realizamos encontros virtuais com especialistas de diferentes segmentos, divulgamos informações oficiais e promovemos por meio de cursos on-line. Com outras lideranças empresariais levamos as reivindicações do setor empresarial aos governantes, fato primordial desde o início da pandemia para orientar nossos empresários e entidades. Na retomada a representatividade materializa-se publicamente no posicionamento e nas opiniões manifestadas pela instituição, que representa os mais variados setores da economia catarinense, comércio, indústria, agronegócio, prestação de serviços e turismo”, argumenta.
“Sou grata pela oportunidade de voltar, de retomar minha vida”
O que seria um dia normal na vida de Marisangela Rossini se transformou em um pesadelo de mais de 40 dias. Ao cuidar da neta, que na época tinha aproximadamente dois anos, Marisangela percebeu sintomas gripais na criança, e em seguida positivou para Covid-19. Em alguns dias, o cansaço tomou conta do corpo. “Me sentia muito cansada, era algo que me fazia querer ter apenas vontade de dormir, em seguida perdi olfato e paladar. Após uma semana e três consultas, fui internada, mas estava bem, consciente. Depois de três dias internada, não lembro de mais nada”, recorda.
Marisangela foi transferida para o Hospital Regional de Chapecó no dia 24 de …, onde foi internada na Unidade de Terapia Intensiva e entubada. Após 32 dias na UTI e 93% do pulmão comprometido, ela foi transferida novamente para o Hospital de Palmitos.
“O processo de recuperação foi lento. Quando saí da UTI eu não comia sozinha, não caminhava, não fazia coisas que antes eram tão básicas e fáceis. Tive que aprender tudo de novo! Quando saí da UTI, fui transferida novamente para o hospital de Palmitos por mais uma semana e recebi alta para continuar o tratamento em casa. Foram mais de dois meses acamada após sair da UTI. Faço fisioterapia até hoje, pois fiquei com sequelas neurológicas e sinto como se meu braço e mão esquerda estivesse ‘dormente’. É uma adaptação dia após dia, consigo fazer quase tudo, mas com um pouco mais de dificuldade”, ressalta.
Mesmo no hospital, após a alta da UTI, Marisangela pensava na família. “Eu vi muita coisa no hospital e pensava que se tivesse perdido alguém, que sabia que familiares também haviam positivado na mesma época, eles não me contariam.Felizmente, não perdi ninguém e consegui sair daquela situação. Lembro de pensar, ao ser transferida para Palmitos “Deus, levante a todos como o Senhor me levantou”, porque foi uma glória, um sentimento que não sei explicar. O coronavírus foi algo que ninguém esperava e que ceifou muitas vidas, mas eu sou grata por ter voltado, por estar aqui e pela minha família que não mediu esforços para me ver bem. Tenho certeza que todas as orações foram ouvidas”, ressalta.
Ela recorda, que mesmo trabalhando no auge da pandemia em um centro de idosos do município, só contraiu o vírus dentro de casa. “Trabalhei no centro de idosos, na época em que eles positivaram e não contrai o vírus. Eu faria de novo esse auxílio a eles, porque cuidamos deles com todo o carinho possível. Contraí depois, em casa e hoje, quando paro para pensar nisso, percebo que foi uma lição de vida. É uma marca que fica para o resto da vida! Sou grata pela oportunidade de voltar, de retomar minha vida. Com 93% do pulmão comprometido na internação, é um milagre estar aqui”, finaliza.
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