Finalmente a chuva chegou com força em Santa Catarina.
Conforme o Boletim Hidrometeorológico Integrado, todas as regiões do estado
tiveram registro de acumulados de chuva muito próximos ou superiores à média
histórica. Desde janeiro de 2021 que isso não acontecia de maneira generalizada
pelo território catarinense.
Conforme os dados divulgados, os acumulados de chuva foram
superiores a 150 mm em praticamente todo o estado, com uma área significativa
com registro acima de 200 mm entre o Oeste, Meio Oeste, Planaltos e Litoral.
Além disso, acumulados de chuva acima dos 300 mm foram registrados no Extremo
Oeste e em pontos do Meio Oeste, Litoral Sul, Grande Florianópolis e Litoral
Norte.
Com isso, março registrou precipitação acima do normal
principalmente nas áreas próximas à costa e entre os Planaltos, Meio Oeste,
Oeste e Extremo Oeste, locais onde os registros superaram entre 40 mm e 120 mm
a precipitação esperada. Em alguns pontos, os volumes ficaram até 200 mm acima
da média climatológica.
No entanto, conforme explica o secretário executivo do Meio
Ambiente, Leonardo Porto Ferreira, é preciso manter o monitoramento, já que a
previsão para o segundo trimestre do ano é de chuvas abaixo da média. “Mesmo
com as boas notícias, é preciso seguir acompanhando as informações
meteorológicas e a situação do abastecimento, com foco em um planejamento da
gestão da água em longo prazo”, afirma.
Além dos dados sobre a incidência de chuva e a comparação
com a média histórica para o período, o Boletim Hidrometeorológico Integrado
traz outros dois tipos de análise. A primeira avalia o Índice Integrado de Seca
(IIS); a segunda, a situação do abastecimento urbano nos municípios
catarinenses.
Estiagem
O Índice Integrado de Seca (IIS) retrata um acompanhamento
regular e periódico da situação da seca no Brasil. O IIS possui uma legenda que
identifica as áreas em estiagem a classifica a sua intensidade, o que leva em
consideração a forma como a seca e o déficit de umidade têm impactos sociais,
ambientais e econômicos ao longo do tempo. A formulação do IIS é resultado da
combinação do Índice de Precipitação Padronizada (SPI) com o Índice de Suprimento
de Água para a Vegetação (VSWI) ou com o Índice de Saúde da Vegetação (VHI),
ambos estimados por sensoriamento remoto.
Com base nessa análise é possível observar que as chuvas de
março fizeram com que os efeitos da estiagem, em Santa Catarina, diminuíssem
significativamente de intensidade, embora ainda não estejam totalmente
superados. Dentre os 295 municípios de Santa Catarina, atualmente 95 (32,20%)
estão em Condição Normal, 184 foram classificados como em Seca Fraca (62,38%) e
16 em Seca Moderada (5,42%). Para se ter uma ideia do impacto das precipitações
registradas nas últimas semanas, na edição do Boletim Hidrometeorológico do dia
7 de março eram apenas seis municípios em Condição Normal (2,04%), 18 com
registro de Seca Fraca (6,10%), 70 com Seca Moderada (23,72%), 129 em Seca
Severa (43,72%), 70 em Seca Extrema (23,72%) e dois em Seca Excepcional
(0,70%).
Situação do Abastecimento Urbano
Outro levantamento apresentado no Boletim Hidrometeorológico
é sobre a situação do abastecimento público de água. Para tanto é levada em
consideração a situação hidrológica dos rios e bacias hidrográficas informadas
a partir de estações de monitoramento. Esses dados são complementados pelas
informações obtidas junto às Agências Reguladoras dos Serviços de Saneamento
Básico.
Dos 295 municípios catarinenses, nesta edição do Boletim
Hidrometeorológico, 281 atualizaram as informações. Destes, 240 estão com o
abastecimento urbano em situação normal, 21 em estado de atenção, 13 em estado
de alerta e sete em situação crítica. Isso representa uma diminuição
significativa dos municípios que estão com algum tipo de restrição ou
necessidade de manobras para garantir o abastecimento. Na edição do começo de
março, dos 244 municípios que haviam atualizado seus dados, 149 estavam com o
abastecimento normal, 58 em atenção, 23 em alerta e 14 em situação crítica.
Conforme informações disponíveis no próprio boletim, a
explicação para que algumas cidades ainda estejam com restrições no abastecimento,
mesmo com o elevado volume de chuva registrado em março, é a fonte do
abastecimento. Os municípios em situação crítica, por exemplo, são abastecidos,
total ou parcialmente, por águas subterrâneas. A recarga de águas subterrâneas
nos aqüíferos utilizados para abastecimento público é mais lenta e responde de
maneira menos imediata ao volume de chuva do que as águas superficiais,
especialmente quando a precipitação, embora intensa, ocorre em um curto período
de tempo ou tem baixa frequência.
O Presidente da Agência de Regulação de Serviços Públicos de
Santa Catarina (Aresc), João Carlos Grando, acrescenta que mesmo que as chuvas
tenham melhorado a situação, tirando sete cidades do estado crítico, é
necessário manter o monitoramento pelos órgãos envolvidos e o auxílio da
população para o uso consciente da água. “Continuaremos a bater na mesma tecla
no quesito consumo consciente da água, mudando hábitos e incluindo posturas
proativas para evitar o desperdício”, finaliza.
Parceria
O Boletim Hidrometeorológico Integrado é uma publicação
online periódica da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico
Sustentável (SDE), por meio da Secretaria Executiva do Meio Ambiente (Sema), e
da Defesa Civil de Santa Catarina (DC/SC), com a finalidade de compartilhar
informações das condições hidrológicas dos rios catarinenses, bem como os
impactos no abastecimento dos municípios. Colaboram com a sua elaboração as
agências reguladoras e consórcios intermunicipais de diferentes regiões catarinenses.
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