Que os moradores de
Santa Catarina têm sentido muito calor neste verão não é novidade: o
ar-condicionado não ganha folga e houve até registro de onda de calor extremo
em janeiro. Mas um estudo da Epagri/Ciram mostra que alguns catarinenses estão
sofrendo um pouco mais que os outros com todo esse calorão – e isso mesmo
estando na mesma cidade.
O levantamento feito
pelo pesquisador Kleber Trabaquini demonstra que áreas mais alteradas por
processos de urbanização, geralmente os centros de grandes cidades, apresentam
temperaturas mais elevadas do que o entorno, formando as chamadas ilhas de
calor.
Em Florianópolis, por
exemplo, essas áreas podem ser até 1,6°C mais quentes, número que sobe para
2,8° C em Itajaí. A maior diferença, porém, é registrada em Joinville: na
cidade mais populosa de Santa Catarina, as áreas urbanizadas podem ser até 3°C
mais quentes do que o entorno – haja ar-condicionado para dar conta do recado.
Por que essas áreas são mais
quentes que o entorno?
Os impactos da
urbanização são visíveis: em imagens aéreas, por exemplo, é possível ver com
nitidez como ruas, prédios e outras estruturas ocupam espaço onde antes estavam
florestas e outros elementos da vida natural.
Historicamente, essa
urbanização pode causar problemas se feita de forma desordenada, como as
enchentes, que causam transtornos em várias cidades. Mas como mostra o estudo
da Epagri/Ciram, a urbanização também pode gerar fenômenos invisíveis, como o
aumento das temperaturas.
“Os grandes centros
urbanos são normalmente formados de materiais como concreto e asfalto, que
interagem de forma diferente do que a natureza. Eles armazenam esse calor e
reemitem essa onda de forma que aumenta a temperatura do ar, como se criasse
uma mini estufa na cidade”, explica Kleber. O pesquisador destaca que, quanto
maior a cidade e a concentração desses materiais, maior esse acúmulo de temperatura.
“Ela é sempre comparada
com os arredores dessa cidade, por isso é chamada de ilha de calor. Qual era a
temperatura normal pra ser? A temperatura da floresta. A gente que modificou a
paisagem e, então, conforme vai aumentando esses centros urbanos, esse aumento
de temperatura acontece”, salienta.
Ele explica, ainda, que
há algumas variáveis que impactam a temperatura. Florianópolis tem um grande
centro urbano, por exemplo, mas está mais exposta a correntes de vento do mar e
isso ajuda a deslocar o calor. Já Joinville está menos exposta a essas
correntes, o que torna mais difícil espalhar o calor.
O que fazer para reduzir as
temperaturas nas ilhas de calor?
Kleber ressalta que o
estudo tem o objetivo de mostrar como o ser humano é capaz de modificar a
paisagem e de como essas mudanças podem trazer consequências no dia a dia.
Mas diante disso, o que
fazer para reduzir as temperaturas nas ilhas de calor? Para o pesquisador, a
solução para centros urbanos já existentes é buscar o aumento de áreas verdes e
parques urbanos a fim de amenizar esse efeito. Em cidades em crescimento, é
preciso fazer o planejamento urbano pensando também sob esse aspecto.
Já pensando sob o ponto
de vista dos catarinenses que moram nessas regiões, o investimento em telhados
verdes, frios e refletivos pode ajudar a reduzir a temperatura e tornar a casa
mais fresca.
O que dizem as cidades citadas no
estudo?
Diante da sugestão do
pesquisador de que as cidades podem tomar iniciativas para amenizar as
temperaturas nas chamadas ilhas de calor, o ND+ perguntou aos municípios
citados no estudo o que tem sido feito em cada um deles. Confira as respostas:
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