O tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem)
desta edição é “Invisibilidade e Registro Civil: garantia de acesso à
cidadania no Brasil”, segundo divulgou o Ministro da Educação, Milton
Ribeiro, em suas redes sociais. Nesta edição, de acordo com Instituto Nacional
de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), o tema da redação é
o mesmo tanto para o Enem impresso quanto para o digital.
A aplicação do Enem teve início hoje (21), com uma prova
contendo a redação dissertativa-argumentativa e 90 questões objetivas: 45 delas
dos componentes linguagens, códigos e suas tecnologias, e 45 de ciências
humanas e suas tecnologias. Os candidatos terão até as 19h para terminar o
exame. No próximo domingo (28), terão vez as provas de ciências da natureza e
suas tecnologias, e matemática e suas tecnologias.
As notas do Enem podem ser usadas para acesso ao Sistema de
Seleção Unificada (Sisu) e ao Programa Universidade para Todos (ProUni). Para
tanto, o candidato não pode tirar nota zero na redação. Os participantes do
Enem podem ainda pleitear financiamento estudantil em programas do governo,
como o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), e se candidatar a uma vaga em
instituições de ensino superior portuguesas que têm convênio com o Inep.
O que os professores acharam
Para o coordenador de Integração Pedagógica do SAS
Plataforma de Educação, Vinicius Beltrão, o tema da redação desta edição foi
mais difícil do que os temas de edições anteriores do Enem: “Se compararmos com
as propostas de redação de anos anteriores, a barra subiu, é um tema bastante
complexo, de dificuldade elevada, em especial para o candidato que está saindo
do ensino médio. Vamos pensar que essa questão de registro civil para um
adolescente de 17, 18 anos, é algo bastante distante uma vez que isso é
responsabilidade dos familiares”, diz.
O tema, no entanto, segundo o professor, segue a linha de
tratar de uma dificuldade social presente no Brasil. “É um problema muito grave
e que merece discussão”.
A professora de produção textual do colégio Mopi Júlia
Langer concorda que a prova seguiu a mesma linha dos anos anteriores. “O Enem é
uma prova muito crítica, que fala sobre problemas da nossa sociedade muito
intrínsecos, problemas que impedem muitas vezes nosso desenvolvimento enquanto
país”, diz.
A estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) é que cerca de 3 milhões de pessoas não possuam um registro
civil, como certidão de nascimento. “Isso impede o acesso à cidadania, uma vez
que não consegue acesso ao sistema público de saúde, ao SUS, não consegue
registro para programas sociais, não tem acesso à educação, não pode fazer uma
matricula numa escola pública, não tem algo básico”, diz, Júlia.
Para desenvolver uma boa redação, os professores ressaltam
que os estudantes precisam estar atentos aos textos motivadores, que acompanham
o tema. O enfoque a ser dado estará definido nos textos. De acordo com a
professora de redação na plataforma Explicaê, Cainã Marques Vilanova, o tema é
bastante amplo. “Meu receio é que os estudantes não consigam selecionar queriam
falar de tudo. Se conseguirem manter a calma, eles vão conseguir, com certeza,
escrever direitinho. Mas, tem que ter cuidado”.
Associação que representa cartórios se manifesta
A Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais
(Arpen-Brasil), divulgou nota oficial em que disse “ver com orgulho”
a escolha do tema da redação deste ano.
“Mais do que chamar a importância para um assunto de extrema
relevância para o país afinal é no ato do registro civil de nascimento que a criança passa a ter nome, sobrenome,
nacionalidade, filiação e direitos à saúde e à educação, destaca o trabalho que
os registradores civis vem realizando ao longo do tempo, como o registro de
nascimento direto em maternidades (chamadas Unidades Interligadas), mutirões de
combate ao subregistro (falta de registro) em aldeias indígenas, comunidades
quilombolas e de população excluída, que resultaram na queda expressiva da
falta de certidão de nascimento no Brasil, que até a década de 2000 estava na
casa de dois dígitos e hoje corresponde a 2,1% dos nascidos vivos.”,
destacou a entidade em nota.
Motivos para nota zero
Segundo o edital do Enem, são motivos para zerar a redação:
• fuga total do tema proposto;
• não obediência ao tipo dissertativo-argumentativo;
• extensão de até sete linhas manuscritas, qualquer que seja
o conteúdo, ou extensão de até dez linhas escritas no sistema Braille;
• cópia de texto(s) da Prova de Redação e/ou do Caderno de
Questões sem que haja pelo menos oito linhas de produção própria do
participante;
• impropérios, desenhos e outras formas propositais de
anulação, em qualquer parte da folha de redação;
• números ou sinais gráficos sem função clara em qualquer
parte do texto ou da folha de redação;
• parte deliberadamente desconectada do tema proposto;
• assinatura, nome, iniciais, apelido, codinome ou rubrica
fora do local devidamente designado para a assinatura do participante;
• texto predominante ou integralmente escrito em língua
estrangeira;
• folha de redação em branco, mesmo que haja texto escrito
na folha de rascunho;
• texto ilegível, que impossibilite sua leitura por dois
avaliadores independentes.
Veja os temas das redações de anos anteriores:
Enem 2009: O indivíduo frente à ética nacional
Enem 2010: O trabalho na construção da dignidade humana
Enem 2011: Viver em
rede no século XXI: os limites entre o público e o privado
Enem 2012: O movimento imigratório para o Brasil no século
XXI
Enem 2013: Efeitos da
implantação da Lei Seca no Brasil
Enem 2014: Publicidade infantil em questão no Brasil
Enem 2015: A persistência da violência contra a mulher na
sociedade brasileira
Enem 2016: Caminhos para combater a intolerância religiosa
no Brasil e Caminhos para combater o racismo no Brasil – Neste ano houve duas
aplicações regulares do exame.
Enem 2017: Desafios para formação educacional de surdos no
Brasil
Enem 2018: Manipulação do comportamento do usuário pelo
controle de dados na internet
Enem 2019: Democratização do acesso ao cinema no Brasil
Enem 2020: O Estigma Associado às Doenças Mentais na
Sociedade Brasileira (Enem impresso), O desafio de reduzir as desigualdades entre
as regiões do Brasil (Enem digital) e A falta de empatia nas relações sociais
no Brasil (Enem PPL e reaplicação
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