O Dia Nacional da Doação de Órgãos é comemorado em 27 de setembro, sendo este mês marcado pela Campanha Nacional para a Doação de Órgãos e Tecidos, também denominada “Setembro Verde”.
Durante este mês, a Aparc – Associação dos Pacientes Renais de Chapecó, realizou campanhas por cidades do Oeste, dentre elas, estava o município de Palmitos. Em busca de mais informações sobre essa ação, a reportagem da TV Expresso esteve conversando com alguns pacientes renais, residentes em Palmitos. Confira essa história de luta e superação diária.
Foto: Divulgação – O Dia Nacional da Doação de Órgãos é comemorado em 27 de setembro.
SOBRE A APARC
O Presidente da Aparc, José Rosa, relata que a entidade foi criada em 2013, com o objetivo exclusivo de orientar e auxiliar as pessoas que estão em tratamento de diálise e tratamento renal. “Nós também fazemos eventos, que cabe a nossa equipe da associação, arrecadar fundos para auxiliar na alimentação dos pacientes renais. Porque quando a pessoa fica 4h em hemodiálise, quando ela sai, ela sai fraca, e o nosso objetivo também é servir lanche logo após a diálise para todos os pacientes”, conta.
De acordo com o presidente, os tratamentos são realizados em Chapecó, e muitos pacientes precisam se deslocar até lá todos os dias. “Esses pacientes têm um desgaste da viagem, fica uma hora dentro do carro, depois fica 4 horas lá para fazer a diálise, logo em seguida, eles saem de lá fracos e precisam fazer um lanche para retornar para sua cidade. Outro objetivo da nossa Associação é distribuir panfletos orientando as pessoas sobre o cuidado renal, que tem que ter rins. E também encaminhar certas ações que nós fizemos para essas pessoas orientando elas sobre os cuidados que tem que ter, e também sobre a importância de ser um doador de órgãos”, explica.
Foto: TV Expresso – Presidente da Aparc, José Rosa.
“EU TINHA 19 ANOS NA ÉPOCA…”
O paciente renal já transplantado, Samuel Marmentini, descobriu que precisava de um Rim novo aos 19 anos. “No último dia 15 de agosto fez 10 anos que eu realizei meu transplante. Eu tinha 19 anos na época, então era bem novo, não tinha nem conhecimento de nada, eu caí de paraquedas em meio a isso. Eu cheguei lá à Clínica e o doutor me disse que eu havia perdido a função renal, daí conheci a hemodiálise, foi um processo novo, dolorido mentalmente e fisicamente, passei por um momento de depressão, mas graças a Deus eu consegui superar”, esclarece.
Marmentini lembra que conheceu amigos lá dentro que deram forças para ele, e que logo após o diagnóstico, descobriu que sua mãe podia lhe ajudar. “No momento quando eu descobrir eu tinha esse problema renal a minha mãe se dispôs a fazer a doação, só que tudo é um processo, demorou em torno de cinco meses. Eu comecei a diálise em março e depois em agosto de 2011 eu realizei meu transplante. Foi um momento muito especial, porque é viver de novo né, renascer. Mas basta também frisar, que o órgão doado é um tratamento, não é uma cura, temos que manter os cuidados”, ressalta.
Foto: TV Expresso – Paciente renal já transplantado, Samuel Marmentini.
“ÀS VEZES DÁ VONTADE DE PARAR DE FAZER”
O paciente Neuton Gonzatti mora em Palmitos, e a 4 anos e 9 meses está enfrentando o tratamento. “Eu estou na fila de espera há 4 anos e 9 meses, eu estou esperando um Rim, porque meu rim não funciona mais direito, só funciona 40%. Às vezes dá vontade de parar de fazer, eu saio de casa às 4h30 da manhã e volto pelas 10h30, eu faço 3 h de hemodiálise lá em Chapecó. Eu vou sempre para Chapecó, então é uma vida pesada para a gente”, esclarece.
Gonzatti destaca que a doação de órgãos é uma sobrevida aos pacientes em tratamento. “As pessoas que têm condições de doar, eu acho que tem que doar, ainda mais pessoas que morem, se puderem doar os órgão dela, doem, uma outra pessoa vai estar sobrevivendo com ele”, salienta.
Foto: TV Expresso – Paciente na fila de espera por um transplante de Rim, Neuton Gonzatti.
“TUDO ACONTECEU EM 1986”
A paciente Geni Antune, realizou seu transplante de Rim há 31 anos atrás, no dia 3 de julho de 1990, em conversa com a reportagem da TV Expresso, ela contou como foi essa trajetória. “Tudo aconteceu em 1986, quando eu fui informada que estava com 16% de funcionamento do meu Rim. Na época, foi quando se deu início à Clínica Renal no Hospital Santo Antônio em Chapecó, no porão ali em uma área do hospital. Foi bem difícil, porque tudo era novo, os funcionários também com poucas experiências, os médicos com muitas expectativas de dar certo, os recursos eram bastante precários e a gente realizava a diálise em duas salas pequenas, onde haviam três poltronas em uma sala, e duas poltronas na outra sala, com apenas cinco funcionários”, descreve.Geni destaca ainda, que presenciou várias mortes durante a diálise, e que agradeceu por conseguir realizar com sucesso os tratamentos dia após dia. “Estou viva graças a minha fé em Deus, e ao meu irmão mais novo que com 100% de compatibilidade fez a doação do seu Rim para mim. Eu e ele estamos bem desde o início, há 31 anos atrás”, frisa.
Ainda na oportunidade, Geni relata que o seu maior sentimento em meio a todo o processo de tratamento, transplante e pós-transplante, é de gratidão. “Meu sentimento é de gratidão a Deus, ao meu irmão, meu marido, a minha família, aos médicos e aos funcionários, as enfermeiras, que até hoje se encontram comigo e dizem, – Geni você é uma vencedora -. Porque eu assim com 31 anos de transplante, eu sou muito abençoada. E por isso, eu sou a maior pessoa a incentivar a doação de órgãos, independentemente de qualquer que seja o órgão, eu acho que nós temos que doar, porque se nós estamos aqui, eu estou aqui, foi graças ao meu irmão que teve a coragem de tirar um órgão dele para me doar, então todos nós devemos ter a conscientização de fazer essa parte de doação”, finaliza.
Foto 5: TV Expresso – Paciente que já realizou o transplante há 31 anos atrás, Geni Antunes.
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