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“Queria essa criança”, diz acusada de matar grávida em Canelinha

Última atualização 11 de setembro de 2020 - 16:04:10

Rozalba em depoimento – Foto: Reprodução/ND

Aos 24 anos e grávida, a professora e moradora de Canelinha deixou a vida de forma cruel. Vítima de homicídio triplamente qualificado, ela morreu por volta das 16h30 do dia 27 de agosto, após uma emboscada disfarçada de chá de bebê. 

A jovem foi golpeada no crânio com um tijolo. Desacordada, morreu em decorrência de uma hemorragia, sobre o chão de barro de uma cerâmica abandonada no bairro Galera, no Vale do Rio Tijucas.

Rozalba Maria Grimme, de 26 anos, confessou o crime. Em depoimento à Polícia Civil na manhã de 28 de agosto, ela afirmou que antes das duas pancadas na cabeça, pediu para a vítima fechar olhos e esperar uma surpresa que havia feito em comemoração ao nascimento da bebê que estava para chegar. O relato da mulher durou cerca dez minutos e ocorreu em uma das quatro salas da delegacia de Tijucas. 

– A senhora fez isso por que queria essa criança? – perguntou o delegado Paulo Alexandre Freyesleben e Silva.

– Queria essa criança – respondeu Rozalba, assentindo com a cabeça durante o testemunho em que confessa o crime, no dia 28 de agosto. 

Após atingir a grávida diversas vezes com o bloco de barro, Rozalba usou um estilete para abrir o ventre da vítima e forçar o nascimento da bebê de 36 semanas. Ela pegou os documentos da vítima, enrolou a recém-nascida em um pano e a colocou no banco de trás de seu carro. No caminho para a cidade, três homens em um carro viram a mulher coberta de sangue dirigindo em alta velocidade. 

Na Estrada Geral de Canelinha, a 1,8 quilômetros de onde cometeu o homicídio e ocultou o corpo da professora com quem, segundo ela, estudou junto cerca de 6 anos antes, Rozalba parou carro e foi abordada pelo trio. Ela disse que havia acabado de ter um parto na rua e estava indo ao hospital. Ao menos durante os último oito meses, a acusada contava a mentira de que também estava grávida. 

Às 17h01, uma das pessoas que viu a movimentação na rua tirou uma fotografia em comemoração ao nascimento da criança. A imagem que circulou nas redes sociais mostra a suposta mãe sentada dentro do veículo parado na beira da estrada, com a bebê no colo.

O esposo da acusada, Zulmar Schiestl, de 44 anos, foi chamado e se deslocou até o local de motocicleta. Em comboio, os três veículos seguiram para a residência do casal, localizada no centro do município. Lá, a moto foi guardada e os três homens que ajudaram no suposto parto seguiram viagem para Tijucas. Sozinhos com a bebê, Rozalba e Zulmar percorreram 1,4 quilômetros até a Fundação Hospitalar Municipal de Canelinha.

O casal foi visto entrando na unidade de saúde por volta das 17h. Câmeras de monitoramento flagraram o momento. No hospital, Rozalba entregou o celular e a carteira da vítima ao esposo. Em testemunho ao delegado um dia após o crime, Zulmar disse que não sabia que os objetos eram da vítima e “com a emoção do parto”, não questionou a companheira. 

No entanto, a ação é um dos indícios que leva a Polícia Civil e o Ministério Público a acreditarem que o homem sabia do crime e foi conivente. 

– A senhora estava grávida recentemente ou não? – questionou o delegado durante o depoimento de Rozalba, em 28 de agosto.

– Sim, eu perdi de três meses. Um aborto espontâneo. – afirmou a acusada.

– Quando a senhora perdeu?

– Quando tinha três meses, no comecinho de janeiro. Eu tava grávida em outubro, no final de outubro.

– Tá, e a senhora perdeu essa criança em janeiro?

– Sim

– E o seu marido nessa situação?

– Ele não sabe, coitado.

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