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Conheça as startups catarinenses que buscam soluções para o agronegócio

Última atualização 6 de dezembro de 2019 - 16:43:31

Uma parte considerável do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro vem do agronegócio. O Cepea, Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Universidade de São Paulo, levantou que de 1996 a 2018 o setor foi responsável por, em média, 24% do PIB do país.

Parte do crescimento da relevância nacional do segmento veio dos investimentos em tecnologia, que vêm abrindo espaço para as agrotechs. Essas empresas são startups que apresentam soluções para o setor agrícola, resolvendo problemas mais rapidamente, otimizando esforços e possibilitando melhores resultados.

Um estudo feito pela Associação Brasileira de Startups (ABStartups) mapeou as agrotechs brasileiras e seus perfis. Lançado em 2018, o levantamento indicou que 182 startups especializadas atuam no Brasil. No Sul do país estão 29% delas, sendo 10% no Paraná, 10% em Santa Catarina e 9% no Rio Grande do Sul. São Paulo e Minas Gerais respondem pelo restante delas, com 31% e 16%, respectivamente.

Startups catarinense focadas em agronegócio se dedicam a desenvolver ferramentas voltadas à agricultura de precisão, com ferramentas de gestão, aplicativos que geram inteligência a partir de coletas de dados, soluções de rastreamento, automação de maquinários agrícolas e plataformas de monitoramento de plantações ou granjas.

Agriness

Há quase 20 anos, a empresa a Agriness foi fundada com o propósito de apresentar soluções que otimizassem a vida do produtor de suínos. No início de seus trabalhos, seus fundadores perceberam que não existiam ferramentas de gestão nesse nicho.

— Queríamos levar a granja para dentro do computador. Refletir a realidade em uma ferramenta de gestão. Então criamos um sistema bastante visual e simples para facilitar na adaptação do produtor — explica Cristina Bittencourt, sócia-diretora da empresa.

Essa preocupação com o produtor levou a empresa a outras frentes. Segundo a diretora, foi então que a Agriness começou a trabalhar também com a educação do público-alvo.

— Nós criamos o referencial “Melhores da Suinocultura”, dando ao produtor medidas de comparação para que ele entendesse melhor seus números e onde melhorar na produtividade; abrimos espaços de debate e eventos sobre a suinocultura, para gerar a discussão e fomentar novas ideias do mercado. Já lançamos um livro e oferecemos cursos e consultorias sobre gestão e produção na suinocultura — destaca.

Hoje, a empresa está expandindo sua área de atuação com uma nova plataforma mundial e multiespécie, que gerencia produção de frango e leite. Também fechou parceria com a indústria de alimentos Cargill e está atingindo novos mercados, como Rússia e Estados Unidos.

A empresa é de Florianópolis, mas está presente em 14 países, entre eles México, Portugal, França e Polônia. Também conta com clientes em todos os países da América do Sul. Ao todo, ajudam na gestão de 2.300 granjas.

PariPassu

Se você compra frutas, legumes e verduras, é possível que você tenha comprado algum produto rastreado pela PariPassu. O sistema rastreador da empresa foi a primeira solução desenvolvida por eles, com a finalidade específica para o controle de origens e destinos de produto, mais conhecido como “rastreabilidade um passo à frente e um passo atrás”.

Mas essa é apenas uma das muitas soluções oferecidas pela agrotech. Recentemente, a empresa lançou o Caderno do Campo, uma ferramenta que agrupa soluções para o empresário rural, como registro dos manejos, planejamento de safra e atividades, controle do período de carência, gestão de insumos e custos e painel de indicadores de performance.

Hexagon Agriculture

A Hexagon é uma gigante mundial, líder no mercado de sensores, softwares e soluções autônomas. Há cinco anos a multinacional comprou a startup catarinense Arvus e a fusão dela com a ILab sistemas e com a vertical de agricultura da Hexagon Geosystems deu origem à Hexagon Agriculture.

O diretor técnico da empresa, Adriano Naspolini, conta que a Arvus foi uma das primeiras agrotechs do Sul do Brasil, fundada em 2004. A história de sucesso da empresa serviu de inspiração para outras startups que se interessavam pelo setor: receberam o primeiro aporte em 2009 e um segundo em 2011. E em 2014 recebeu uma oferta irrecusável da Hexagon.

— Nosso Começo foi difícil. Na época, 16 anos atrás, era impensável a tecnologia no campo como é hoje, até mesmo a acessibilidade à internet. Foi um esforço constante de entender o produtor rural e ganhar a confiança dele. Deu certo. Nosso trabalho, acredito, ajudou a abrir portas para outras empresas perceberem a demanda no agronegócio — explica Naspolini.

Granter

Com foco em sanidade animal e segurança, a Granter está desde 2008 revolucionando a produção animal catarinense. A empresa de tecnologia programou uma solução para facilitar o cadastro da Guia de Trânsito Animal, o GTA, documento obrigatório para a transferência de animais entre propriedades. O aplicativo permite que o produtor emita a guia online, sem precisar ir a um posto do Cidasc e diminuindo a burocracia do processo.

O sucesso da iniciativa motivou o empresário e CEO da Granter, Clóvis Rossi, a investir no segmento agro.

— Em 2010 decidimos atuar diretamente com a agroindústria, com o pilar de gestão do agronegócio catarinense. O mercado precisava atender a regulamentação europeia de rastreabilidade dos suínos, visando abrir o mercado, e com a nossa tecnologia foi possível adequar esse processo — comenta Clóvis.

O aplicativo Meu Lote rastreia todas as atividades da produção e circulação do produto. Com a identificação de um contêiner, por exemplo, é possível acessar todas as etapas de manejo, desde a nutrição, transferências de propriedades, data de terminação, até detalhes do resfriamento da carne.

Com a ferramenta em constante evolução e cada vez mais envolvido com o agronegócio, Clóvis percebeu a necessidade de atender também às demandas diretamente dos produtores rurais.

— Fomos a campo, trocamos ideias com produtores e estudantes da área em diversas regiões do Estado, mais de 8 mil km rodados em pesquisas e descobertas das necessidades do produtor. Foi quando decidimos incluir esse terceiro pilar no projeto, atendendo produção, gestão e controle do agronegócio — destaca o CEO.

Com a novidade, a plataforma passou a funcionar como um “iFood da ração”, um delivery para o produtor pedir e rastrear a entrega do alimento. Além disso, o trabalhador rural faz o controle de mortalidade, medicação e engorda dos animais na palma das mãos.

— O aplicativo, que agora atende todas as pontas da produção, permite a troca de dados e controle de todo trabalho rural. Com as informações da propriedade, é possível emitir alertas em casos de anormalidades. Por exemplo, se o número de mortalidade de uma propriedade aumenta além da média, um veterinário recebe um alerta instantâneo e os órgãos de sanidade animal podem agir com maior acertabilidade — afirma Clóvis.

Nove milhões de suínos já foram rastreados pelo aplicativo e o CEO ressalta que segue investindo e apostando em inovações para garantir o status sanitário de Santa Catarina, que já é referência internacional.

ManejeBem

A ManejeBem começou como uma rede social, um ambiente onde produtores e outros especialistas no agronegócio podem debater questões relacionadas à produção de vegetais. A rede social é gratuita e tem foco na agricultura familiar.

Outra frente da ManejeBem tem foco na educação. A startup disponibiliza uma plataforma onde o produtor contrata assessoria de técnicas e princípios sustentáveis. Isso tudo de qualquer lugar em que ele estiver, pelo celular. A plataforma ainda gera inteligência para o agricultor, cruzando dados coletados de sua fazenda e dando a ele maior poder de decisão.

Para Juliane Mendes Lemos Blainski, sócia fundadora da ManejeBem, a agrotech segue as tendências observadas no agronegócio moderno.

— Vejo hoje uma preocupação muito forte no agro de rever impactos ambientais, ou seja, pensar na produção de forma sustentável. E muito foco no pequeno agricultor, no sentido de impactar positivamente, tanto financeiramente como até no âmbito social esse grupo — explica.

Além de CEO, Juliane também é diretora da Vertical de Agronegócio da ACATE. Ela comenta que hoje a vertical está com mais 14 empresas focadas no setor e estão crescendo. As startups que estão despontando desenvolvem soluções no corte, na gestão da avicultura e da suinocultura.

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