Home Paciente com remissão de câncer terminal já está em casa, em BH, após tratamento inédito no Brasil

Paciente com remissão de câncer terminal já está em casa, em BH, após tratamento inédito no Brasil

Última atualização 14 de outubro de 2019 - 16:32:03

“Hoje, o que eu quero de verdade é que aconteça para todas as pessoas que passam por isso o que aconteceu com a gente”. Este é o sentimento de Rosemary Castro, mulher de Vamberto Luiz de Castro, de 64 anos.

O funcionário público aposentado é o paciente que está “virtualmente” curado após apresentar melhoras com um tratamento inédito na América Latina, baseado em uma técnica de terapia genética descoberta no exterior e conhecida como CART-Cell. Vamberto estava em fase terminal de um linfoma nos ossos.

O casal e o filho chegaram em Belo Horizonte neste domingo (13), após ficaram 40 dias no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (SP). O Fantástico acompanhou a saída do casal do hospital.

“Deram alta mais rápido do que a gente esperava e ainda conseguimos um voo para mais cedo”, contou Rosemary.

Rosemary disse, nesta segunda-feira (14), que Vamberto se recupera em casa e “está muito bem”. Como perdeu bastante peso e ficou deitado muitos dias, a partir de agora ele terá que fazer a recuperação do peso e exercícios de fisioterapia para a mobilidade voltar ao normal.

A mulher dele contou que o filho descobriu que pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) estavam trazendo para o Brasil a terapia genética descoberta no exterior.

“Era o único lugar que tinha esse tratamento. Foi tudo pelo SUS. E tivemos a sorte de ele ter todas as características para fazer o tratamento”, disse Rosemary.

Muito alegre e aliviada, a mulher falou sobre a importância de o governo incentivar esse tipo de pesquisa para que mais pessoas também tenham a oportunidade de cura.

“Todo mundo merece essa chance que a gente teve”, completou.

O casal tem, além do filho, uma filha e um neto. E agora, com a família completa e reunida novamente em casa, Rosemary espera que a recuperação do marido seja ainda mais rápida.

O tratamento

Imagens de exames realizados pela equipe de médicos mostram e evolução do tratamento. Há um mês, o corpo do paciente estava tomado por tumores. Para receber a alta, novos exames mostraram que a maioria deles desapareceu.

O médico Renato Cunha, um dos responsáveis pela terapia, confirmou ao G1 que Castro saiu do hospital no final de semana e que já voltou para Belo Horizonte. O aposentado de 64 anos deverá ser acompanhado por cinco anos até poder ser considerado curado da doença.

Os pesquisadores da USP – apoiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e pelo Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq) – desenvolveram um procedimento próprio de aplicação da técnica CART-Cell.

Perspectivas para o SUS

Dimas Tadeu Covas, que coordena o Centro de Terapia Celular do HC de Ribeirão, disse que o procedimento poderá ser reproduzido em outros centros de excelência do país, mas não dá datas. Isso porque, segundo ele, depende de laboratórios controlados com infraestrutura adequada.

“Devido à complexidade do tratamento, ele também só pode ser feito em unidades hospitalares com experiência em transplante de medula óssea”, disse o pesquisador. “Isso porque, durante o processo, a imunidade é comprometida. O paciente tem que ficar isolado, não pode ficar exposto. Não são todos os hospitais que podem fazer esse tipo de tratamento. Além disso a terapia tem efeitos colaterais.”

A resposta imune progressiva pode causar febres altas, náuseas e dores musculares. Os pesquisadores não eliminam o risco de morte, e reconhecem que a forte baixa no sistema imunológico traz um potencial fatal para alguns pacientes.

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