Cientistas argentinos e brasileiros descobriram uma toca (paleotoca) que abrigava um crocodilo Labidiosuchus amicum, uma das quatro espécies identificadas de crocodilos (crocodilomorfos), que habitaram o distrito de Peirópolis, em Uberaba (MG), a 475 quilômetros de Belo Horizonte.
Segundo o paleontólogo Agustin Martinelli, do Museu Argentino de Ciencias Naturales Bernadino Rivadavia, um dos responsáveis pela descoberta, trata-se da primeira toca do período Cretáceo Superior, há 70 milhões de anos, descoberta na América do Sul.
“É o primeiro registro que temos de uma paleotoca em rochas do período Cretáceo Superior, ou seja, há cerca de 70 milhões de anos, em toda a América do Sul. Talvez, um dos únicos do mundo no período”, afirmou Martinelli.
Segundo o geólogo Luiz Carlos Borges Ribeiro, do Centro de Pesquisas LLewelly Ivor Price, braço da UFTM (Universidade Federal do Triângulo Mineiro) para pesquisas de paleontologia em Peirópolis, a toca descoberta está localizada a 2,5 quilômetros ao norte do centro do distrito.
O pesquisador explica que o achado tem grande relevância para as pesquisas do Cretáceo Superior, por causa das dificuldades para encontrar registros icnofósseis, como pegadas e marcas deixadas pelas espécies de crocodilos extintas.
“O achado se reveste de grande relevância, face à raridade de se ter este tipo de fóssil preservado, o icnofóssil, que são registros indiretos das atividades biológica produzidas pelo animal, e não restos fósseis corpóreos, como dentes e ossos”, disse Ribeiro.
Ele explica que as tocas eram utilizadas pelos crocodilos para se “proteger” das altas temperaturas e secas prolongadas na região do Triângulo Mineiro, 70 milhões de anos atrás. Segundo o geólogo, as temperaturas alcançavam algo entre 50º e 60ºC.
“As tocas determinam um hábito comportamental utilizado para proteção em tempos de secura extrema, ou mesmo para colocação de ovos pelo indivíduo”, diz o pesquisador.
“O esconderijo para enfrentar o calor intenso, a guarda de alimentos e a hibernação, foi utilizado pela espécie Labidiosuchus amicum, um crocodilomorfo de tamanho pequeno”.
Ribeiro lembra que não foram encontrados restos esqueléticos, ovos e restos de alimentos, no local.
“O animal responsável pela construção dessa toca a utilizou para se proteger de temperatura entre 50º e 60º em longos períodos de secura. Por questão de sobrevivência, escavava um buraco”, afirmou.
Segundo o geólogo, durante os milhões de anos, a toca foi sendo preenchida por uma mistura de areia fina e lama, que a deixou fossilizada, possibilitando que fosse descoberta e identificada.
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