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Crise do milho não acabou

Última atualização 6 de outubro de 2016 - 15:31:58
Os volumes das exportações de carnes de aves e suínos estÃo bons, mas, os custos de produçÃo estÃo insuportáveis e, por isso, a rentabilidade do setor está próxima de zero. “A crise aguda do milho” ainda nÃo acabou, afirmou o presidente da Cooperativa Central Aurora Alimentos e vice-presidente para assuntos do agronegócio da FederaçÃo das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc) Mário Lanznaster.
Desde o início deste ano, o encarecimento do milho prejudicou violentamente as maiores cadeias produtivas de Santa Catarina, causando pesados e irreversíveis prejuízos à avicultura e à suinocultura. O grÃo encareceu cerca de 50% e chegou a valer R$ 60 reais a saca de 60 kg.
O preço do milho no mercado brasileiro retirou a competitividade internacional. Atualmente, recuou para R$ 41 reais e ainda impõe prejuízos aos criadores e agroindústrias. Lanznaster mostra que o milho norteamericano custa R$ 26 reais para quem produz frango e suíno naquele país e, se a importaçÃo fosse autorizada, chegaria ao Brasil mais barato que o nacional.
O industrial lamenta que “o custo de produçÃo está destruindo nossa competitividade e ficou difícil disputar com os americanos que contam com milho abundante e mais barato.” Reclama que a ComissÃo Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) impediu a importaçÃo de milho dos Estados Unidos, aguardada com expectativa para reduzir os preços do cereal, no mercado doméstico.
Lanznaster estranha essa decisÃo porque há mais de 10 anos o Brasil planta milho e soja transgênica e 90% das lavouras em solo brasileiro sÃo transgênicas. Assinala que “a decisÃo da CNTBio retarda uma importante soluçÃo para a crise de abastecimento de milho no país e uma das consequências é o encarecimento dos alimentos para a populaçÃo”.
Mário Lanznaster mostra que o ritmo de crescimento em volume e receita tem contribuído para equilibrar a oferta interna de produtos, mas, em termos de resultados, a rentabilidade é quase zero.
O presidente da Aurora reconhece que houve uma pequena desaceleraçÃo na produçÃo de carne suína e de frango, o que reduziu um pouco a pressÃo sobre o abastecimento de milho para as grandes cadeias produtivas, a partir do início do segundo semestre – “mas, o problema permanece”.
Em 2016, de acordo com projeçÃo da AssociaçÃo Brasileira de Proteína Animal (ABPA), a produçÃo de carne de frango em 2016 deverá ficar em 13 milhões de toneladas (4% menor que as 13,5 milhões de toneladas previstas no início deste ano) e a de carne suína, em 3,64 milhões de toneladas (inferior à previsÃo de 3,76 milhões apresentadas em janeiro). Algumas indústrias diminuíram o ritmo da produçÃo com a suspensÃo de turnos de trabalho, encerramento de atividades de plantas e outras decisões na esfera produtiva.
O dirigente acredita que a crise ameniza, porém, nÃo desaparece no próximo ano, apesar da importaçÃo de milho do Paraguai e da Argentina e do bom desempenho da primeira safra no sul, que concentra 70% da produçÃo de carne de frango e 80% da produçÃo de carne suína. Para os dois setores, entretanto, é indispensável que seja viabilizada a importaçÃo de milho dos Estados Unidos para o Brasil.

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