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Excesso de peso hoje é menos perigoso do que nos anos 1970

Última atualização 12 de maio de 2016 - 09:16:16
O excesso de peso pode nÃo ser mais tÃo perigoso quanto era nos anos 1970, pelo menos em se tratando de risco de morte. É o que indica um estudo publicado nesta terça-feira no Journal of the American Medical Association (JAMA).

— Comparando com os anos 1970, os indivíduos com sobrepeso de hoje têm uma taxa de mortalidade mais baixa do que os chamados indivíduos com o peso normal — disse o professor clínico Borge Nordestgaard, da Universidade de Copenhague e do Hospital Universitário de Copenhague.

Segundo ele, o motivo para a mudança ainda é desconhecido.

O estudo se baseou em mais de 100 mil pessoas na Dinamarca, divididas em três períodos (de 1976 a 1978, de 1991 a 1994 e de 2003 a 2013), nos quais seu risco de morrer por qualquer causa foi analisado.

Hoje, os médicos definem a faixa normal do índice de massa corporal (IMC) entre 18,5 e 24,9. O IMC entre 25 e 29,9 é considerado sobrepeso, enquanto acima de 30 é considerado obesidade. Nos anos 1970, o IMC com o menor risco de morte era 23,7 _ esse número equivale a um homem de 1,83 metro de altura, que pesa 77 quilos, ou a uma mulher de 1,65 metro com 65 quilos.

Entre 1991 e 1994, o IMC ideal subiu para 24,6. E, entre 2003 e 2013, passou para 27. Comparado com o primeiro período analisado, isso equivaleria a 14 quilos a mais em um homem de 1,83 metro e a nove quilos a mais em uma mulher de 1,65 metro.

Os pesquisadores também descobriram que, em 1970, os obesos eram mais propensos a morrer do que as pessoas com o peso normal. Segundo os cientistas, essa associaçÃo desapareceu na década de 2000.

— O aumento do risco de mortalidade associado à obesidade em comparaçÃo com o peso normal passou de 30%, entre 1976 e 1978, para 0%, entre 2003 e 2013 — disse o autor principal do estudo, Shoaib Afzal, do Hospital Universitário de Copenhague.

Autoridades de saúde vêm alertando há muito tempo sobre os riscos de estar acima do peso, que incluem diabetes e doenças cardiovasculares. Nordestgaard disse que os resultados atuais sugerem uma necessidade de revisar as categorias atualmente usadas para definir o sobrepeso, que sÃo baseadas em dados anteriores a 1990.

Especialistas advertiram, porém, que nÃo está claro qual é o mecanismo biológico por trás da nova descoberta e que os resultados nÃo deveriam ser interpretados de modo a sugerir que as pessoas podem parar de se preocupar com o que comem. Segundo o professor de Medicina Metabólica Naveed Sattar, da Universidade de Glasgow, o estudo é de interesse público, mas nÃo justifica uma mudança em relaçÃo aos alertas sobre a obesidade e sobre a prevençÃo de quilos extras.

— Nos últimos anos, enquanto as populações se tornam mais obesas e com maior disponibilidade de medicamentos preventivos baratos, mais desses indivíduos sÃo suscetíveis a serem mais bem tratados de problemas relativos à pressÃo arterial, ao colesterol e ao diabetes do tipo 2, o que leva a riscos mais baixos de morte — comentou o professor Sattar, que nÃo participou do estudo.

Segundo Sattar, em outras palavras, os resultados nÃo significam que estar acima do peso protege o indivíduo da morte — longe disso. Muitos fatores confusos podem ter levado ao resultado atual, e há muitos outros estudos que mostram que estar acima do peso, ou obeso, aumenta os riscos de morte e de outras doenças.


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