Home Ribeirinhos perdem casa, mas em troca recebem a solidariedade da comunidade

Ribeirinhos perdem casa, mas em troca recebem a solidariedade da comunidade

Última atualização 12 de fevereiro de 2016 - 09:57:30
PALMITOS – O dia 14 de dezembro de 2015 era de comemoraçÃo, HarriKoenig completava 52 anos, mas longe de um dia festivo, a chuva torrencial preocupava, pois o nível do Rio Barra Grande aumentava constantemente. Koenig e a esposa Ledi Mara estavam tirando leite, as filhas, Vitória e Raiane estavam dentro de casa com uma amiga, aguardando a mÃe, que prometeu fazer pipoca e chimarrÃo depois do término do ofício.
Ledi Mara observava atentamente da estrebaria o nível do arroio, por precauçÃo pediu o marido para tirar o veículo e a motocicleta da garagem, pois o rio estava represando. “Eu estava amarando as vacas e sugeri ao meu marido para que tirasse o carro e a moto da garagem, pois uma vez entrou água dentro”, conta. Koenig seguiu o conselho da esposa e desceu até a residência que fica a poucos metros da estrebaria.
O ribeirinhoretirou os veículos e adentrou a casa com água na altura das canelas. Foi questÃo de cinco minutos, tempo necessário para tirar as três meninas, o veículo, a motocicleta e os documentos pessoais, para que a correnteza arrancasse o lar de sua base e levasse água abaixooito anos de história da família.
O cenário de filme de terror paralisou os palmietenses, que tentaram ir atrás de ajuda, mas já era tarde demais. Segundo o morador, isso nunca ocorreu antes, pois até entÃo a água apenas represava e invadia as plantações e as casas mais próximas ao rio, mas naquele dia foi um fenômeno atípico, pois a água deixou o leito e cortou a curva que normalmente faz, o que causou o aumento da velocidade da água atingindo a residência impetuosamente. Os apegos, conquistas e sentimentos foram levados em poucos minutos pela violenta água do rio Barra Grande.
A casa ficou presa a uma árvore de laranja e um poste de luz. A desolaçÃo e a angustia de perder praticamente tudo desesperou a família naquele momento. “Mas ainda que conseguimos salvar as crianças, pois foi questÃo de minutos que a casa foi levada”, relembra o homem.

O que restou no local…
Telhas quebradas, pedaços de móveis, talheres, roupas, calçados e brinquedos. A casa de madeira de cor verde nÃo está mais lá, o que se vê sÃo rastros de destruiçÃo. Ao andar pelos destroços, o casal lembra, mas ao mesmo tempo tenta esquecer. “Dá muita tristeza de ver tudo isso, dá até saudades, pois nós tínhamos tudo aqui”, afirma desapontado Harri.
A esposa logo acrescenta: “A gente vê isso na televisÃo e imaginar que isso aconteceu aqui, nÃo é de se acreditar”, lamenta. A família ficou com a roupa do corpo, logo nÃo procuraram ajuda, mas as empresas e entidades se solidarizaram com o ocorrido, tanto que a Cooper A1 e a Igreja Evangélica de ConfissÃo Luterana no Brasil (IECLB) realizaram campanhas para arrecadaçÃo de doações, como roupas, alimento, móveis e produtos de higiene e limpeza.Eles também lembram que a comunidade local e vizinhasforam prestativas e solidárias.
Atualmente, a família está morando numa casa própria, que antes estava para aluguel. “A casa que morávamos nÃo era nossa, era do meu cunhado, nós tínhamos uma sociedade com as vacas de leite, por isso estávamos lá. Na casa que estamos agora, nós alugava antes”, explica Harri.
Tendo pelo menos um lugar para morar, o segundo passofoi adquirir quase todos os móveis dentro de casa novamente, pois poucas coisas foram salvas da tragédia. “Nos primeiros dias foi difícil, agora estamos estabilizados, graças a solidariedade de todos, que nÃo mediram esforços para nos ajudar, para essas pessoas o nosso muito obrigado”, finaliza Koenig.

Palmitos decreta situaçÃo de Emergência
O prejuízo nÃo se concentrou apenas naquela regiÃo, vários pontos do município registraram pontos de alagamento, deixando rastros de prejuízo na cidade e no interior. Segundo o secretário da Defesa Civil de Palmitos, Fernando Bittencourt, estradas, bueiros, pontes foram totalmente ou parcialmente destruídas. Aproximadamente 100 hectares de lavoura foram atingidas pelo alagamento.
Foram 200 milímetros em 12 horas, sendo que na enchente de julho o volume de chuva foi distribuído em 72 horas.Diante dessas circunstâncias, o Governo Municipal decretou situaçÃo de emergência.

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