PMDB quer distância de Dilma para disputar eleições de 2016
Última atualização 16 de novembro de 2015 - 10:02:30
Apesar de ter sido beneficiado com sete ministérios na reforma promovida pela presidente Dilma Rousseff em outubro, o PMDB deflagrou nos últimos dias um movimento de descolamento da atual gestÃo. O partido, que tem como presidente nacional o vice-presidente Michel Temer, quer se diferenciar da petista na área econômica.
Na estratégia definida pela cúpula peemedebista, o congresso do partido, marcado para o próximo dia 17, será o primeiro grande gesto público dessa movimentaçÃo, que tem o objetivo de manter a presidente sob pressÃo. O PMDB nÃo quer entrar nas eleições municipais de 2016 com o carimbo de aliado preferencial do PT e sócio da crise econômica e política. No manifesto do partido, que será apresentado no congresso, o PMDB ressalta que o governo Dilma fez previsões “equivocadas” sobre o futuro da economia, e, por isso, nÃo pode responsabilizar fatores externos pela atual crise.
Em caráter reservado, um integrante da cúpula peemedebista que integra o governo definiu dessa forma o objetivo do encontro: “Apresentaremos um programa para disputarmos as eleições de 2016 e 2018. Mas também precisamos ter um programa para o caso de termos que assumir o poder”.
Para evitar retaliações do Palácio do Planalto, representantes da ala governista do PMDB evitam tratar do assunto abertamente e dizem apenas que o congresso nÃo terá a prerrogativa de tomar qualquer decisÃo sobre a manutençÃo ou rompimento oficial do partido com a presidente Dilma Rousseff. Essa definiçÃo, porém, acontecerá em março, na convençÃo nacional do PMDB.
Sem filtro – Os “aliados” do governo esvaziaram as prerrogativas do encontro, mas permitiram que o evento do próximo dia 17 fosse formatado para constranger o governo. Segundo um dirigente do partido que está envolvido na organizaçÃo do encontro, o microfone estará aberto e todos os presentes poderÃo votar nas moções que serÃo apresentadas ao documento-base.
Sem o filtro da escolha dos participantes por meio da eleiçÃo de delegados na base, a ala dissidente está livre para mobilizar os espectadores. A organizaçÃo do congresso e a redaçÃo do seu texto-base, intitulado “Uma ponte para o futuro”, ficaram a cargo de um ex-ministro peemedebista que hoje é crítico à política econômica do governo: Moreira Franco, presidente da FundaçÃo Ulysses GuimarÃes.
“Queremos nÃo só unificar o partido, mas reunificar o País. O compromisso do PMDB nÃo é com A, B ou C (partido ou governo) é com o Brasil. Para reunificar, só com um programa de intervençÃo na vida econômica e social”, diz ele.
Crise incontrolável – Ainda segundo Moreira Franco, a crise econômica está se tornando “incontrolável” e a situaçÃo é “explosiva”. “Temos que ter a dimensÃo da gravidade.” O senador Valdir Raupp (RR), vice-presidente do PMDB, diz que alguns pontos divergentes do documento, classificado por ele como “duros” contra o governo, precisam ser reajustados, e que os dissidentes “ainda” nÃo sÃo maioria.
Por outro lado, ele sinaliza claramente o desejo de evitar os efeitos colaterais de ser aliado preferencial de Dilma. “Um partido que sempre defendeu as causas populares nÃo pode enveredar para a direita”, disse. Ainda segundo o senador, o PMDB também está em busca de retomar suas “origens”. “Está na hora de voltar às origens das grandes lutas. Um partido com a idade do PMDB, 50 anos, precisa começar a discutir uma candidatura própria à Presidência em 2018. Esse sentimento é unânime”, afirma Raupp.
O senador Romero Jucá (RR) diz que o encontro vai definir um “roteiro” para o Congresso decisivo do partido em 2016. “Após o encontro de novembro, o documento será debatido nos Estados e municípios até o encontro da cúpula, que pode ser antecipado para antes de março”.
Ainda segundo Jucá, o documento será uma posiçÃo “clara” sobre economia e questões sociais. O congresso do PMDB também discutirá mudanças no estatuto do partido e as estratégias para as eleições 2016.
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