Como o aumento do dólar impacta o Oeste
Última atualização 29 de setembro de 2015 - 10:15:29
O dólar bateu novo recorde e chegou a R$ 4,24 na semana passada. Esta é a maior cotaçÃo da história da moeda desde que o Plano Real foi lançado, em 1994. Com essa valorizaçÃo, vem também a elevaçÃo dos custos de produçÃo de muitos setores.
No Oeste, a agroindústria é um dos mais afetados. Como o dólar é balizador de muitos insumos, os recordes na moeda têm elevado os custos de produçÃo. O professor da Unochapecó e mestre em Economia e Desenvolvimento, Cezar Augusto Pereira dos Santos, avalia pontos negativos e positivos na relaçÃo do setor com o dólar. “Muitas máquinas e insumos sÃo importados e pagos na moeda estrangeira e isso impacta no orçamento”.
Outro aspecto é o endividamento. “Temos que nos perguntar qual é o peso do endividamento das nossas agroindústrias em dólar, porque isso influência no grau de investimento das agências de classificaçÃo de risco. Se o endividamento em dólar for alto, isso pode ser um problema”.
Pontos positivos
Segundo Cézar, o lado positivo é que muitas empresas adotam uma política de contabilidade de precauçÃo e acabam comprando dólar a mais para usar no futuro. As indústrias que exportam também se beneficiam com o avanço da moeda e ganham em competitividade lá fora. “Boa parte da receita das agroindústrias vem de outros paísese, com dólar alto, nossos produtos se tornam mais atrativos do mercado internacional”.
Pontos negativos
Para os outros setores da economia, o efeito da alta é menos otimista. “A cotaçÃo do petróleo, por exemplo, é baseada em moeda estrangeira, principalmente o dólar. O pÃo também depende muito do trigo importado e o aumento do dólar afeta diretamente no preço repassado ao consumidor”.
No turismo o impacto pode ser ainda maior. Com os preços de passagens e a fatura do cartÃo de crédito em dólar, quem pretendia viajar para o exterior pode mudar de ideia. Na contrapartida, a expectativa é de que o turismo nacional fique mais forte.
Na estimativa do economista, a situaçÃo nÃo deve mudar pelo menos até o fim do ano. “Minha projeçÃo e, a maioria dos analistas continua essa tendência, é de que o dólar chegue a casa dos R$ 4,50 neste ano. Pelo que temos visto, até o fim de 2015 a economia vai patinar. Para voltar ao normal o governo precisa recuperar a estabilidade política e retomar o grau de investimento no país”.
Por que o dólar está subindo tanto
O professor Cézar explica que o dólar comercial é usado pelas empresas para fechar negócios de importaçÃo e exportaçÃo de mercadoria e a taxa da moeda é definida pela oferta e demanda por dólar no mercado.
“O governo muitas vezes intervém comprando e vendendo dólar para evitar grandes oscilações frente ao real, mas como passamos por dificuldade políticas e financeiras, o governo nÃo está interferindo tanto”. Outros fatores apontados pelo especialista:
– Retomada do crescimento dos Estados Unidos.
– Queda da bolsa chinesa.
– Dificuldade do governo em implementar o pacote de ajuste fiscal.
– Perda de grau de investimento do país em classificaçÃo de agências de risco.
– InflaçÃo acima da meta.
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