Castigados pelas chuvas, municípios do Oeste de SC tentam se recuperar
Última atualização 28 de setembro de 2015 - 09:20:45
Passados dois meses das enxurradas que atingiram SC, as cidades mais prejudicadas – Coronel Freitas, Saudades e Maravilha – ainda sentem os sinais do excesso de chuvas causado pelo El Niño em julho. Há pontes com as cabeceiras danificadas, montes de madeiras que eram casas espalhados pelas ruas e pessoas sem ter para onde ir e ainda vivendo no improviso.
Em meio à expectativa de reconstruçÃo, moradores do Oeste já temem os possíveis estragos que o fenômeno climático ainda pode causar, pois as previsões apontam efeitos de forte intensidade durante a primavera na regiÃo. Por isso o foco está na prevençÃo a cargo da Defesa Civil.
O coordenador regional do órgÃo em Chapecó, Clair Bazzi, diz que os municípios estÃo orientados para monitorar os alertas de temporais e têm planos de açÃo para atendimentos emergenciais.
– As pessoas em área de risco devem ser retiradas – exemplificou Bazzi.
Além disso há estoques de lonas, kits de limpeza, de higiene e colchões em cada regional para atender os atingidos. SÃo Miguel do Oeste, Maravilha, Chapecó e Xanxerê funcionam como uma espécie de quartel-general da regiÃo.
– Temos como atender nas primeiras 48 horas, para depois acionar o Estado – relata Bazzi, ao destacar ainda que foi criado um Colegiado de Defesa Civil com 22 municípios da regional de Maravilha e, nos próximos meses, o mesmo deve ser feito em Chapecó e Xanxerê.
Enquanto isso, prefeituras tentam reerguer as cidades, ainda que faltem recursos que precisam ser liberados pelo Ministério da IntegraçÃo Nacional. Em Saudades, por exemplo, o prejuízo é calculado em R$ 45 milhões – equivalente a dois anos de orçamento municipal.
Em Coronel Freitas, o trânsito na avenida Santa Catarina continua em meia pista na ponte sobre o rio Xaxim, que precisa ser reformada. Em Maravilha, a soluçÃo mais aguardada é mesmo o desassoreamento e aprofundamento do leito do rio Iracema, cujo pré-projeto já foi encaminhado ao governo federal.
Construções mais altas contra prejuízo maiores
Depois de perder praticamente todos os móveis e eletrodomésticos na enxurrada que atingiu Coronel Freitas, a família da babá Sidineia Siqueira resolveu erguer a casa a três metros de altura. Com auxílio de guindastes, a moradia de madeira, que ficou submersa até o telhado, foi levantada e é sustentada por nove pilares de concreto.
Sidineia tem auxílio dos irmÃos, que sÃo pedreiros, na reconstruçÃo. Ela nÃo sabe se conseguirá terminar a obra até o fim do ano e teme a chegada de mais chuva.
– NÃo quero viver novamente a sensaçÃo de ter que fugir de casa com minha filha nos braços e voltar e ver tudo tomado pela lama – diz.
A enxurrada que engoliu a casa da babá também acabou com o estoque do empresário Odirlei Kerstik, proprietário de uma empresa de refrigeraçÃo em Coronel Freitas que perdeu cerca de R$ 1,5 milhÃo.
Com dinheiro emprestado por familiares, está retomando o negócio. Mas com precauçÃo: aplicou R$ 120 mil num galpÃo novo, com dois pavimentos. O térreo funcionará como garagem e o segundo será do estoque, a 3,80 metros do chÃo.
A tentativa de evitar danos maiores é a mesma para Altair Milkiewkz, de Xaxim. Depois de ver a água alcançar 1,5 metro e ter uma fábrica de vidros e artesanato destruída pela águas do rio que dá nome ao município, ele elevou o nível do terreno, colocando 50 cargas de terra na propriedade.
– Estou ajeitando para depois tentar reconstruir – afirmou, receoso com a temporada de chuva prevista.
deixe seu comentário