Governo de SC lança campanha de combate às drogas
Última atualização 25 de agosto de 2015 - 08:54:26
Uma medida de impacto que aposta na sensibilizaçÃo das pessoas é a estratégia do governo do Estado numa açÃo conjunta contra as drogas. A campanha “Drogas, NÃo dá mais para aceitar” será lançada hoje pelo governador Raimundo Colombo (PSD)junto às secretarias de Assistência Social, Saúde, EducaçÃo e Segurança Pública.
A iniciativa conta ainda com a participaçÃo do Tribunal de Justiça, do Ministério Público e da Assembleia Legislativa. Durante o lançamento serÃo apresentados vídeos com depoimentos de pessoas que enfrentaram problemas com o uso de substâncias ilícitas, relatando o período em que viveram sob dependência química.
Dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012, o Pense, realizada pelo IBGE, coloca Florianópolis entre as capitais com a mais alta porcentagem de adolescentes que já usaram algum tipo de drogas ilícitas ao menos uma vez na vida. Conforme um levantamento deste ano da Secretaria de Segurança Pública de Santa Catarina, 70% de todas as ocorrências de homicídios tem relaçÃo direta ou indireta com o tráfico e desavenças envolvendo drogas.
RepressÃo é insuficiente e continuidade necessária
Para o advogado criminalista Sandro Sell, assim como ocorreu com o uso do cigarro, campanhas de conscientizaçÃo que tratem o problema de forma realista podem sim ter um efeito positivo em relaçÃo à reduçÃo do uso e de novos usuários. Mas alerta: devem ter continuidade e acompanhamento do trabalho.
— Precisamos de indicadores claros para medir os impactos gerados e ter segurança que os recursos públicos aplicados estÃo adiantando para nÃo virar apenas um marketing institucional. Só poderemos saber se os recursos estÃo sendo bem aplicados a partir do resultado no impacto do consumo atual — ressalta o especialista.
Dentro da campanha, a Secretaria Estadual de Segurança Pública está levando em consideraçÃo novas tendências no combate às substâncias ilícitas. O entendimento atual é de que apenas repressÃo, por mais bem aparelhada que seja, nÃo é suficiente para reduzir os prejuízos sociais causados pelo narcotráfico.
Ideia é apostar no que já está dando resultado
Segundo o governo do Estado, a ideia é utilizar ações já existentes, como o Programa Educacional de Resistência às Drogas (Proerd) nas escolas e o projeto Reviver, que atende dependentes químicos, além de aprimorar novas estratégias coordenadas com as secretarias envolvidas. Pelo Reviver, pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) conduzirÃo estudos e atividades de recuperaçÃo dos dependentes até julho de 2016, quando cerca de 1,2 mil pessoas devem ser acolhidas pelas equipes.
Rosimari Koch Martins, coordenadora do Núcleo de PrevençÃo à Violência na Secretaria de EducaçÃo, explica que 40% das escolas do Estado têm um Núcleo de EducaçÃo e PrevençÃo (Nepre), que desenvolve projetos de conscientizaçÃo contra as drogas. A ideia é ampliar estes núcleos em todas as escolas da rede estadual.
— Os núcleos foram criados para articular projetos com base na prevençÃo. A ideia é buscar soluções, estudar o tema e quando identificado, acolher o usuário de drogas, diagnosticando e analisando o melhor encaminhamento em cada caso. Além de levantar estratégias e envolver outras áreas como saúde e polícia — explica.
Entrevista: Marcelo Carlin, juiz da 1ª Vara Criminal
“RepressÃo é insuficiente”
O Estado está bem aparelhado para lidar com este problema?
O Estado tem, primeiro, o papel de tentar controlar a circulaçÃo destas drogas. Mas esse trabalho repressivo por si só é insuficiente, porque se houver demanda sempre haverá oferta. Quando o Estado tenta refletir com a sociedade sobre as consequências do consumo e os desdobramentos disso, a sociedade começa a evoluir e pode, em conjunto com o Estado, mudar alguma coisa.
O senhor acredita na eficácia destas campanhas antidrogas?
Claro que campanhas de mobilizaçÃo social sempre sÃo importantes para botar o dedo na ferida e gerar alguma reflexÃo. Mas além da campanha tem que ter desdobramentos posteriores. Aprofundar no ambiente escolar e universitário as consequências do consumo excessivo de drogas. Muito importante é criar redes de proteçÃo para a criança e o jovem.
Como devem funcionar essas redes de proteçÃo aos jovens?
A primeira rede de proteçÃo é a família. Sabendo abordar essa questÃo já é um passo importante para evitar que o jovem caia na curiosidade ou nos excessos. Depois nós temos as escolas, onde existe o Proerd, que vai às escolas conversar com as crianças. Aí devemos também ter redes de tratamento bem estruturadas, a partir do momento que haverÃo abusos.
Acredita que os programas atuais caminham num sentido positivo ou poderiam melhorar?
É positivo. Deve existir o compartilhamento de responsabilidade entre poder público, família e sociedade. É isso que pode alterar o quadro. Está na hora de amadurecermos essa questÃo.
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