POPULAÇÃO ENDIVIDADA
Última atualização 21 de agosto de 2015 - 15:22:43
“Devo, nÃo nego. Pago quando puder”. A famosa expressÃo descreve bem como muitos brasileiros se encontram atualmente. Diante do agravamento da crise econômica, mais consumidores têm enfrentado dificuldades para colocar a vida financeira em ordem. Um estudo realizado pelo Serviço de ProteçÃo ao Crédito (SPC Brasil) e pela ConfederaçÃo Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) em todas as capitais revela que quatro em cada dez (45%) brasileiros inadimplentes nÃo têm condições financeiras de pagar suas dívidas atrasadas em um intervalo de até três meses. O levantamento mostra também que a perspectiva de continuar inadimplente é mais frequente nas classes C, D e E (46%) do que nas classes A e B (32%). Além disso, 44% dos devedores ouvidos pelo SPC Brasil afirmaram que a situaçÃo financeira atual deles está pior se comparada ao ano passado.
Quando indagados sobre os principais empecilhos para realizarem o pagamento dos débitos, a maioria dos consumidores (52%) justifica que a dívida contraída é muito superior aos seus ganhos mensais, mas há também aqueles que relutam em incorporar hábitos de economia no dia a dia, como deixar de consumir produtos que gostam (23%). “A resistência em cortar despesas e em mudar o padrÃo de consumo, abrindo mÃo de pequenos prazeres, sÃo alguns dos erros mais comuns para quem precisa sair do vermelho. O dado revela um comportamento imprudente e de alto risco para as finanças”, alerta a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.
BRASILEIRO DEVE DUAS VEZES E MEIA A PRÓPRIA RENDA
A dívida do brasileiro está mais cara. Na comparaçÃo entre 2014 e 2015, o valor médio das dívidas em atraso passou de aproximadamente R$ 4 mil para R$ 5,4 mil, o que representa um aumento real, já descontada a inflaçÃo, de 23%. Ao cruzar os valores médios dos compromissos pendentes e a renda média dos entrevistados, a pesquisa verificou que o montante das obrigações financeiras representa duas vezes e meia o valor da renda familiar mensal no país. O mau uso do chamado 'dinheiro de plástico' é o principal responsável pela inadimplência do consumidor brasileiro. As parcelas a pagar no cartÃo de crédito, citadas por 42% dos inadimplentes, ao lado das parcelas no cartÃo de lojas (41%), sÃo as contas que mais resultaram na inclusÃo do nome em instituições de proteçÃo ao crédito. “Para quem sabe utilizar com prudência, o cartÃo de crédito pode ser um grande aliado porque traz conveniência e segurança. O grande erro é nÃo quitar o valor integral da fatura e cair no efeito bola de neve do rotativo”. Os empréstimos junto aos bancos e financeiras (25%), as contas de telefone (11%), a utilizaçÃo do cheque especial (10%) e as parcelas a pagar no carnê, boleto ou cheque pré-datado (10%) completam o ranking dos atrasos que motivaram a inadimplência. Para as mulheres, o atraso das faturas do cartÃo de loja é o que mais se destaca na comparaçÃo com os homens (46% contra 33%), enquanto entre a parcela masculina de entrevistados, o destaque é o nÃo pagamento de empréstimos em bancos e financeiras (32% contra 20% das mulheres).
ESTRATÉGIAS PARA RENEGOCIAR A DÍVIDA
Dentre os consumidores que reúnem condições para o pagamento da dívida atrasada (52%), a estratégia mais comum é o acordo junto aos credores (37%), segundo apurou a pesquisa. Em seguida aparecem os cortes no orçamento (11%) e as atividades extras para geraçÃo de renda, como o famoso 'bico' (9%). Dentre os entrevistados que pretendem economizar para deixar a inadimplência, 60% dizem que vÃo cortar despesas de lazer, mas também sÃo mencionados os cortes nos gastos com vestuário e calçados (45%), alimentaçÃo fora de casa (34%) e produtos de beleza (23%). Para Marcela Kawauti, ao propor um acordo com o credor, é possível reduzir o tamanho das prestações, obter juros menores e prazos mais alongados para a quitaçÃo do débito. “Se a intençÃo for pagar a dívida à vista, é possível até pedir um desconto no valor total. O devedor precisa demonstrar interesse em regularizar a dívida e oferecer uma contraproposta dentro de suas possibilidades. Além disso, é necessário que o consumidor mantenha a disciplina, fazendo cortes de gastos desnecessários do orçamento e nÃo realize novas compras enquanto estiver pagando as prestações”, orienta a economista.
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