Cuidar da Casa Comum: Como estamos fazendo isso?
Última atualização 31 de julho de 2015 - 15:47:27
Nesta semana, mais do que nunca senti a presença de Paulo Freire ao meu lado. Ele que sempre nos ensinou que – “É fundamental diminuir a distância entre o que se diz e o que se faz, de tal forma que, num dado momento, a tua fala seja a tua prática”. Percebo entÃo, que é preciso ter o coraçÃo aberto para construir qualquer que seja a açÃo, de forma coletiva. Mas falar em coletividade tem sido muito difícil nos últimos anos, isso porque, o projeto de sociedade construído até aqui leva o ser humano a valorizar muito mais a materialidade do que qualquer pessoa de seu meio.
Recordo-me do que o companheiro Educador, José Maria Tardim disse ao referir-se a necessidade de sermos ‘humanos’. Para ele, o espaço onde vivemos, a Casa Comum dita pelo Papa Francisco, é constituída por duas dimensões, sendo uma material e outra imaterial. A primeira delas constituída pela materialidade do mundo e seus elementos, terra, água, plantas, animais, ser humano, e tudo aquilo que construímos a partir do nosso trabalho. Já a imaterialidade seria constituída pelo pensamento, reflexÃo, sentimento.
Nesse sentido, a Casa Comum, o território, o espaço onde vivemos é caracterizado pelo movimento destas duas dimensões sendo que, o desequilíbrio de uma levaria a autodestruiçÃo de outra.Tardim me deixou preocupada quando disse que se ‘as coisas continuarem assim’, salvar o planeta dependeria essencialmente da extinçÃo do homem na terra. Vejo muita coerência nesta fala afinal de contas, como temos cuidado de nosso planeta, de nossas gentes, de nós?
Fala-se tanto em campanhas contra o preconceito mas quando temos a imagem de um ser humano amarrado em um poste, o que fazemos? Denunciamos? Ou preferimos seguir postando fotos feitas em frente ao espelho nas redes sociais, falando das prateleiras de livros que temos em casa, achando bonito ser um ser antissocial e um pouco mais adiante, postamos algumas frases bonitas e dizeres plagiados. É dessa forma que estamos pensando em mudar a nossa sociedade?
Ou entÃo seguimos a linha da meritocracia e condenamos os filhosas dos trabalhadores mais lascados pela sociedade e falamos que ‘todos possuem a mesma oportunidade’ quando sabemos que o racismo tem classe social, quando sabemos que o apadrinhamento é o provedor de oportunidades? Que tal olharmos para dentro das prefeituras, estabelecimentos comerciais e tantos cargos públicos por ai. Mérito? Nem sempre.
Um pouco mais a fundo, podemos dizer que cuidamos do bem comum utilizando ‘momentos’, ‘situações’ para se autopromover? Nos intitulamos como ‘revolucionários’ momentâneos que resolvem ‘aparecer’ quando existe uma situaçÃo muito boa para ser explorada?Mobilizar a massa que todos os dias sofre uma lavagem cerebral pela imprensa local e global conservadora nÃo é muito difícil, fatigante é trabalhar a formaçÃo política das pessoas, dos jovens, é fazer um trabalho contínuo de entendimento para além de tudo que está escrito e que nos foi repassado na escola e na universidade. Isso sim é verdadeiramente difícil. Fácil ainda, é seguir uma página e se auto intitular como ‘revoltado online’, é ser garotoa propaganda desta marca e se contradizer. “Sou contra o preconceito”, mas, desde que nÃo tenha marcha ‘colorida’ acontecendo. E por fim, muito fácil é ganhar dinheiro com tudo isso, é se intitular apartidário, é falar mal da educaçÃo no Brasil ganhando bolsa de R$ 2,500,00 por mês.
É. Papa Francisco está certíssimo…As coisas nÃo andam bem. Gosto quando ele diz: “Eu peço que vocês sejam revolucionários, que vÃo contra a corrente”, porque ser ‘revolucionário da corrente que aprisiona os exploradosas, excluídosas há séculos, é ser cumplice do projeto de morte, do capitalismo. Vamos pensar. Até a próxima
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