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Profissionais criativos têm mais chances de desenvolverem transtornos mentais, diz estudo

Última atualização 12 de junho de 2015 - 13:37:32
Estudo publicado na última segunda-feira (08/06) no jornal Nature Neuroscience, cientistas concluiram que fatores genéticos aumentam substancialmente a chance de uma pessoa desenvolver transtorno bipolar ou esquizofrenia sÃo encontrados mais frequentemente em pessoas consideradas “profissionais criativos”. Essa categoria abrangeria pintores, músicos, escritores e dançarinos, que teriam 25% mais chance de carregar essas variáveis genéticas do que as pessoas que os cientistas julgaram como “profissionais menos criativos” (profissionais de vendas, fazendeiros e operários).

VINCENT VAN GOGH (FOTO: DIVULGAÇÃO)
Kari Stefansson, fundador e CEO da deCODE, empresa especializada em genética com sede na Islândia, afirmou ao The Guardian que as novas descobertas apontam fatores biológicos que levam a um link direto entre a criatividade e alguns transtornos mentais. “Para ser criativo você tem que pensar diferente. E quando nós somos diferentes, nós temos uma tendência a ser rotulado de estranho, louco e até insano”, disse.

Para chegar a essa conexÃo, os cientistas analisaram a genética e informações médicas de 86 mil islandeses para encontrar se existiam variáveis genéticas em comum que dobravam o risco de esquizofrenia e triplicavam o de desenvolver transtorno bipolar. Quando eles analisaram como essas variáveis estavam presente em membros que pertenciam ao meio artístico, perceberam um aumento de 17% delas em relaçÃo ao restante do grupo analisado. Os pesquisadores passaram entÃo a verificar suas descobertas em grandes bases de dados médicas da Holanda e da Suécia . Entre essas 'novas' 35 mil pessoas , aqueles considerados como criativos (devido à sua profissÃo ou a um resultado de um questionário previamente preenchido) foram quase 25% mais propensos a ter genes que potencializavam o risco de transtornos mentais.

Segundo Stefansson, dezenas de genes aumentam o risco de esquizofrenia e transtorno bipolar. Estes podem alterar as formas em que muitas pessoas pensam, mas na maioria das pessoas, nÃo fazem nada de muito prejudicial. Mas para 1% da populaçÃo, fatores genéticos, experiências de vida e outras influências podem culminar em problemas e um diagnóstico de doença mental. “Muitas vezes, quando as pessoas estÃo criando algo novo, eles acabam transitando entre a sanidade e uma certa insanidade”, disse Stefansson . “Eu acho que estes resultados dÃo razÃo ao velho conceito do “gênio louco”. A criatividade é uma qualidade que nos deu Mozart , Bach, Van Gogh. É uma qualidade que é muito importante para a nossa sociedade.Mas ela vem com um risco para o indivíduo – 1% da populaçÃo paga o preço caro por ela”.
Há quem, no entanto, que acredita que o estudo é insuficiente para provar uma conexÃo direta entre criatividade e doenças mentais. O professor de psiquiatria de Harvard foi um dos que nÃo se convenceu. “É ir em direçÃo àquela romântica noçÃo do século 19 que o artiga é a aberraçÃo da sociedade, que sua arte é uma expressÃo de seus demônios internos. Para mim, é justamente o contrário do que o estudo mostra: pessoas criativas sÃo desse modo nÃo porque tem doenças mentais, mas porque usam os processos de uma forma criativa e diferente”, disse ao The Guardian.

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