SÃo cerca de 20 cômodos com características que remetem ao estilo excêntrico do estilista. Logo na entrada da parte principal da casa, há uma varanda coberta de areia refinada a pedido do próprio Clodovil, segundo o caseiro e único morador do local Antônio Nascimento, de 52 anos. “Ele pedia para pegar a areia e queimar com maçarico e depois peneirar. Era para ficar mais limpa, mais macia. Ele nÃo gostava de ir à praia, mas ficava bastante nesse espaço”, conta.
Ao longo da área, também há uma suíte grande com sacada de vista para o mar, que pertencia a Clodovil. O cômodo tem um pequeno banheiro e com uma particularidade inusitada: uma saída secreta para uma espécie de sótÃo do lado de fora da casa e que leva à mata. Antes de chegar ao aposento que era do estilista, ainda há um closet do tamanho de um quarto e repleto de armários. Do lado de fora, estÃo uma piscina, que quase nunca era usada por Clodovil, e uma capela, esta sim, bastante frequentada por ele.
Funcionário de Clodovil há cerca de 15 anos, Antônio vive em um dos cômodos do lado de fora da mansÃo com a esposa e dois filhos. Do ex-chefe, ficaram lembranças, principalmente, do jeito polêmico de Clodovil.
“O que ele tinha que falar, ele falava na cara. Ele ficava em cima da gente, falando até como a gente tinha que cuidar das plantas, mas era uma pessoa muito boa”, recorda-se Antônio, que teme a demoliçÃo da casa. “Prefiro que alguém compre e cuide da casa, do que ela seja demolida”.
Para a advogada de Clodovil em vida, Maria Hebe Pereira de Queiroz, a venda do imóvel é uma alternativa nÃo só para manter as memórias, mas também para destinar recursos para o pagamento de despesas e dívidas do estilista — entre elas, uma com a senadora Marta Suplicy (PT).
“Para terminar o inventário, precisa resolver o problema da casa de Ubatuba. As propostas serÃo encaminhadas para o juízo do inventário e serÃo avaliadas pelo juiz”, explica.
DemoliçÃo
Todas as memórias que remetem ao estilista no local, porém, podem estar com os dias contados. O imóvel recebeu determinaçÃo de demoliçÃo pela Justiça, com base em uma açÃo do Ministério Público, por estar em uma área de proteçÃo ambiental. “Acho uma temoridade fazer essa demoliçÃo, porque a casa fica na mata fechada e o acesso é muito difícil. Quero eximir minha responsabilidade de um novo crime ambiental”, diz Maria Hebe.
Segundo a advogada, somente a demoliçÃo do imóvel custaria cerca de R$ 350 mil. Uma petiçÃo foi encaminhada no início do mês à Justiça pedindo isençÃo de quaisquer possíveis novos prejuízos ambientais com a derrubada. “A vida dele era aquela casa e ele só parou de ir para lá quando começou a ficar doente. Acho uma maldade demolir aquilo, mas decisÃo da Justiça a gente nÃo questiona”, afirmou a advogada.
deixe seu comentário