Home Laticínios Mondaí não apresenta proposta e anuncia suspensão das atividades

Laticínios Mondaí não apresenta proposta e anuncia suspensão das atividades

Última atualização 14 de novembro de 2014 - 08:21:00

Em resposta às reivindicações, a Laticínios Mondaí encaminhou um ofício afirmando que, dado os últimos acontecimentos a empresa definiu suspender as atividades, para não mais elevar os gastos decorrentes. A empresa acumula umadívida de R$ 6 milhões com cerca de dois mil produtores de leite de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, que estão sem receber há meses

Agricultores familiares e funcionários da empresa Laticínios Mondaí se mobilizaram na terça-feira, 11, em frente ao estabelecimento em Mondaí. O trãnsito foi bloqueado na SC 283 e liberado a cada uma hora. Os agricultores cobravam da empresa o pagamento do leite já entregue e os funcionários reivindicavam o funcionamento normal da Laticínios.

De acordo com o presidente do sindicato de Riqueza e representante da Fetaesc na região, Vanderley Rutkoski, os agricultores aguardavam uma resposta da empresa sobre a proposta apresentada na última semana, que seria o pagamento do valor devido aos agricultores em cinco parcelas de 20%. Durante o ato, os agricultores e funcionários receberam a notícia de que uma ação judicial movida pela 2ª Vara da Comarca de Três Passos do Rio Grande do Sul determinou a indisponibilidade patrimonial dos bens da empresa e seus diretores.

Em resposta às reivindicações, a Laticínios Mondaí encaminhou um ofício afirmando que, dado os últimos acontecimentos a empresa definiu suspender as atividades, para não mais elevar os gastos decorrentes. O ofício encaminhado pela Laticínios Mondaí declara que: “A paralisação temporária das atividades permitirá a reorganização da empresa, para que a mesma seja vendida ou então sejam obtidos recursos através de financiamento ou até mesmo de investidores que tenham interesse no negócio em parte ou no seu todo. Diante destas circunstãncias, a empresa, momentaneamente, fica impossibilitada de realizar proposta de pagamentos aos agricultores produtores de leite, credores da empresa”.


O impasse continua

Os produtores rurais, sindicatos da região e poder público municipal participaram, na quarta-feira, dia 12, de uma audiência para discutir a situação dos produtores que forneciam leite para a Indústria de Laticínios Mondaí. A reunião foi realizada no Fórum de Mondaí, onde foi solicitada também uma ação de bloqueio de bens como fez a 2ª Vara da Comarca de Três Passos. “Presenciamos um descaso com agricultores familiares e funcionários nesta terça-feira, pois, a empresa encaminhou uma resposta à mobilização via e-mail e nenhum representante apareceu para negociação”, disse o coordenador da Fetraf-Sul/Cut em Santa Catarina, Alexandre Bergamin.

Areunião contou com a participação da juíza de direito substituta da Comarca Andrea Regina Calicchio, do promotor de justiça Fabrício Pinto Waiblen, além de um advogado que representou a empresa. Conforme o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Riqueza e representante da Fetaesc na região, Vanderley Rutkoski, foi solicitado ao poder judiciário de Mondaí, um auxilio na cobrança do leite, através do bloqueio dos bens da empresa. “Para que isso ocorra, os produtores devem ingressar com uma ação conjunta na justiça, reivindicando os valores devidos, para que seja feita uma análise sobre a possibilidade ou não do bloqueio dos bens”, informa.

Rutkoski destaca que a intuição dos sindicatos era de fazer uma negociação de pagamento amigável, porém isso não foi possível. “Queríamos negociar sem precisar entrar na justiça, entretanto não tínhamos como aceitar a primeira proposta deles, que era de pagar 10% no dia 20 de dezembro, e o restante como ficaria?”, menciona. Ele alega também, que os agricultores aguardaram a resposta da contraproposta feita, mas não o obtiveram.

Ao final da reunião ficou acertado que os produtores rurais de Mondaí e região irão ingressar com uma ação conjunta na justiça, para a cobrança da dívida do leite fornecido para a empresa nos meses de agosto e parte de setembro. Segundo Rutkoski o valor devido aos produtores rurais é de aproximadamente R$ 6 milhões. Ele frisa que apesar da empresa ter sido fechada, ainda existe o objetivo de negociar a dívida e efetuar o pagamento do leite aos produtores o mais breve possível.

A Federação orienta os agricultores familiares a entrar com ações na justiça e percebe a necessidade de mudar a Lei de Falências junto ao governo Federal para que os agricultores familiares tenham as mesmas condições de receber por sua produção como os funcionários das empresas. O agricultor de Maravilha, voltou para a propriedade indignado e decepcionado com a atitude da Laticínios Mondaí. “Chega desse absurdo que estamos vivenciando. Cansamos de negociar e não ter nenhum resultado, a solução é ir em busca de nossos direitos através da justiça”, desabafa.

Rutkoski informa que hoje, dia 14, haverá outra reunião com um dos diretores da Laticínios Mondaí. A empresateve as atividades suspensas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) em agosto deste ano, por adulteração no leite.

Dresch defende agricultores afetados por laticínio que adulterava leite

O deputado estadual Dirceu Dresch (PT)utilizou a tribuna do Legislativo esta semanapara falarsobre os agricultores familiares e produtores de leite afetados com o fechamento da empresa Laticínios Mondaí. No início da semana, ele participou da mobilização que reuniu centenas de agricultores em frente à empresa, na SC 283, para pressionar pelo pagamento do leite que já foi entregue pelos agricultores. A empresa acumula umadívida de R$ 6 milhões com cerca de dois mil produtores de leite de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, que estão sem receber há meses.

O deputado reiterou o seu compromisso firmadocom os agricultores de intermediar, com o governo federal e o governo do Estado (por meio da Cidasc, Epagri e Secretaria de Agricultura), a construção de uma alternativa para que os agricultores familiares não fiquem no prejuízo e nem sejam excluídos do processo de produção. “O leite tem uma importãncia enorme na renda dos agricultores familiares, é a atividade que hoje mantém milhares de famílias no campo. O agricultor se capacitou, investiu e se esmera para garantir um produto de grande qualidade, dentro das normas sanitárias. Não pode ser vítima de um grupo que adulterou o leite para ampliar o lucro. O Estado não pode permitir que esse fato resulte naexclusão de produtores”, adverte.

deixe seu comentário