Um mês após a interdição da Laticinios Mondaí, representantes da empresa começaram a se pronunciar publicamente, em busca de soluções para a reabertura da empresa. Na sessão da Cãmara de Vereadores realizada nesta segunda-feira, dia 6, representantes da Laticínios, além de funcionários, produtores rurais e transportadores da empresa, pediram apoio dos vereadores para buscar a reabertura da indústria.
Representantes dos funcionários e da direção da empresa, além dos vereadores Luiz Spielmann, Reneo Staudt, Eleci Utzig e Suzana Bornholdt se pronunciaram na tribuna da Casa sobre o assunto. A preocupação é com os impactos econÔmicos e sociais que a situação da empresa está acarretando no município.
No final da tarde desta quarta-feira, dia 8, os vereadores de Mondaí e Riqueza se reuniram para decidir qual será o procedimento tomado em relação à situação da Laticínios. De acordo com o presidente da Cãmara de Vereadores de Mondaí, Nilton Graff, um dos diretores da Laticínios Mondaí, Renato Bornholdt participou da reunião e expÔs a situação da empresa. Conforme Bornholdt, a empresa está sem respostas sobre o que está acontecendo e busca no Poder Judiciário e junto ao Ministério da Agricultura, explicações sobre a demora para liberar a produção da indústria. Bornholdt frisa que a empresa está sendo condenada antes mesmo de acontecer o julgamento sobre o caso envolvendo a adulteração de leite.
Segundo o diretor, desde a operação realizada em 19 de agosto, que apurou fraude no leite vendido e utilizado pela indústria, até a interdição no dia 12 de setembro, foram produzidas mais de 400 toneladas de queijo que agora estão estocadas. Ele afirma que a Inspeção Federal e o Ministério da Agricultura não estão dando posição sobre a liberação ou condenação desses lotes, que correm o risco de passarem do prazo de validade. Ainda conforme ele, os laudos dos produtos estão demorando cerca de 30 dias para retornarem, o que inviabiliza a comercialização.
Bornholdt cita exemplo de indústrias envolvidas em casos de adulteração no leite no Rio Grande do Sul que foram liberadas em até seis dias. Ele frisa que não entende a demora no caso de Mondaí e que espera uma posição do Ministério da Agricultura e da Justiça. Além da liberação das atividades, a empresa também pediu judicialmente a realização de contraprova de 70 toneladas de queijo, onde foram detectadas alterações. Conforme o diretor há a possibilidade de o leite avaliado não ter chegado ao laboratório nas mesmas condições em que saiu da indústria.
O presidente destaca que os vereadores se uniram para apoiar a reabertura da Laticínios Mondaí, e que para isso, foi elaborado um documento demonstrando os prejuízos que o fechamento da empresa tem causado no município e na região. Graff salienta que esse documento será entregue para o Juiz de São Miguel do Oeste, durante a audiência marcada para hoje, dia 10, e que será cobrado por respostas, pela reabertura e comercialização dos produtos estocados.
Sobre o pagamento aos produtores rurais, funcionários e demais credores, Bornholdt afirma que a Laticínios Mondaí está elaborando um plano de quitação desses débitos, mas que precisa da liberação dos queijos estocados. Bornholdt destaca que apesar de estar com dificuldades extremas, à empresa tem condições de se reerguer. No entanto, conforme ele é preciso agilidade no processo de retomada das atividades.
A Laticínios Mondaí foi interditada no último dia 12 de setembro pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A empresa funcionava, desde 19 de agosto, sob regime de fiscalização especial, após investigação apurar adulteração do leite com produtos químicos. Após este processo, a indústria não conseguiu mais vender seus produtos e acabou estocando 500 toneladas de queijo. A situação fez com que a empresa não pudesse honrar seus compromissos com fornecedores e também dispensasse seus funcionários.
Na última semana, agricultores do Norte do Rio Grande do Sul e também de Mondaí informaram que vão entrar na Justiça para cobrar os valores devidos pela empresa Laticínios Mondaí, referente à última fatura pela entrega do leite. Na quinta-feira, dia 2,mais de 80 produtores gaúchos se mobilizaram em frente á empresa para tentar uma negociação. Uma comissão se reuniu com representantes da laticínios para tentar resolver o impasse.
Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Três Passos, Aurealino Alexandre, foi informado aos agricultores de que as contas da empresa estão bloqueadas e os bens indisponíveis. A empresa, conforme o sindicalista se comprometeu a pagar os débitos assim que ocorrer a liberação das contas e bens.
Diante da resposta dada pela Laticínios Mondaí, a comissão formada pelos produtores procurou o Ministério Público e se reuniu com o promotor Fabrício Pinto Weiblen ainda na quinta. Conforme Weiblen, o MP está atuando somente na esfera criminal do caso e, por isso, foram repassadas aos agricultores apenas informações referentes à situação da empresa.
O promotor afirma que o Ministério Público de Santa Catarina e o Poder Judiciário do Estado não determinaram nenhum tipo de bloqueio de contas ou indisponibilidade de bens da Laticínios Mondaí. Weiblen também esclareceu que a interdição da empresa é uma ação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e que não dependeu do MP.
Segundo Alexandre, diante das informações obtidas, mais de 1,8 mil produtores do Norte do Rio Grande do Sul, que forneciam leite para a Laticínios Mondaí, vão cobrar judicialmente os valores devidos pela empresa. Ele explica que serão realizadas reuniões nos municípios para que os agricultores juntem a documentação necessária e procurem assessoria jurídica.
Em reunião na quarta-feira, dia 1º, produtores de leite de Mondaí que forneciam o produto para a Laticínios Mondaí, definiram que vão procurar a Justiça para cobrar os valores devidos pela empresa. Conforme o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura Familiar (Sintraf) do município, Flávio Zang, cerca de 30 produtores participaram do encontro de orientação, que teve a presença de um advogado. No entanto, conforme ele, o número de famílias afetadas é muito maior. Agora, segundo Zang, cada agricultor vai procurar assessoria jurídica individualmente para encaminhar as ações.
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