Após dois anos de extremas dificuldades e o registro da pior crise da história da suinocultura no ano de 2012, os últimos meses têm sido de esperança e ãnimo para os suinocultores. A estabilização de um baixo custo de produção, com boa oferta de milho, e a abertura de novos mercados deram um impulso positivo no setor. Neste mês houve o segundo reajuste da carne suína. Conforme o presidente da Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS), Losivanio de Lorenzi, o novo aumento na remuneração ao criador de suíno animou ainda mais a cadeia produtiva.
De acordo com Lorenzi, hoje o preço da carne suína paga ao criador independente fica em média de R$ 4,15 ao quilo, enquanto que para o integrado fica na média de R$ 3,50. Para se ter uma dimensão da crise, em 2012, o preço pago ao criador independente chegou a média de R$ 1,40 o quilo, sendo que o custo de produção era praticamente o mesmo de agora. De acordo criador de Descanso, Vilson Spessatto, vice-presidente da ACCS e presidente do Núcleo Regional dos Suinocultores, apesar do bom momento vivido a recomendação é de cautela, sem aumento na produção, opinião que é compartilhada por Lorenzi.
A abertura do mercado da carne suína catarinense para o Japão e reabertura das exportações para a Rússia aqueceu o mercado e a previsão é de que o cenário positivo deva se manter. Spessatto acredita que as mobilizações feitas pela classe nos últimos dois anos, quando até foi assinado um decreto de situação de emergência, auxiliaram na recuperação da suinocultura. Ele acrescenta que o bom momento é compartilhado por toda a cadeia produtiva, desde a criação de leitões até a engorda.
Após 62 anos na atividade, família comemora o bom momento
Apesar do bom momento, o impacto da crise deixou sequelas e muitos criadores abandonaram a atividade. Outros, enfrentaram os desafios e agora tentam se reestabelecer, como no caso da família Thalheirmer, de linha Indiozinho, interior de Guaraciaba, que mantém-se na atividade da suinocultura desde 1952. Com 62 anos de atividade iniciados pelo pai, os irmão Sérgio e Gilmar Thalheirmer não têm dúvidas ao afirmar que em 2012 foi o pior momento da história da suinocultura. Eles revelam que a crise gerou mais de R$ 600 mil de prejuízos à granja e obrigou-os a recorrer a uma parceria com uma empresa para manter a atividade. “Sabemos que tem altos e baixos, mas esse período foi o pior que já enfrentamos”, comenta Sérgio.
Conforme Gilmar Thalheirmer, além dos prejuízos amargados, ainda foi preciso investir aproximadamente R$ 100 mil para adequar a granja para viabilizar a parceria. “Ali paramos e analisamos se continuaríamos. Porque não se tinha o dinheiro para investir e nem uma perspectiva de melhora. E nesses anos todos que trabalhamos na atividade, naquele período pensamos em parar. Mas, como é uma tradição da família, que sempre trabalhou nisso, resolvemos nos dar mais uma chance e apostar mais uma vez. Esperamos que dê certo e dure, porque não temos mais dinheiro para apostar”, desabafa Sérgio.
Ao longo dos 62 anos, a família Thalheirmer já trabalhou em diversos setores da suinocultura e há seis anos com a criação de leitões. Na granja são criados em média 1250 leitões ao mês, comercializados por R$ R$ 11,00 ao quilo, sendo que na crise era vendido a R$ 8,00. Segundo Gilmar, o período de recuperação da estabilidade dura o mesmo tempo em que durou a crise.
CRISE SUPERADA
O bom momento da suinocultura também é comemorado pela família Santin, de linha Guataparema, interior de Guaraciaba. A atividade também iniciou pelo pai, há 52 anos, e hoje é mantida por Leocir Santin, que preside o Núcleo de Suinocultores de Guaraciaba. Santin trabalha com engorda, e hoje mantêm 1340 animais. Ele também não tem dúvidas em afirmar que foi a pior crise enfrentada pela suinocultura. Ele revela que por ter a alternativa de alimentar os animais com soro de leite, conseguiu manter as finanças, mas para isso esgotou as reservas financeiras que tinha. O presidente do Núcleo também defende que os suinocultores tenham cautela e mantenham a produção.
deixe seu comentário