A Polícia Civil de São José do Cedro instaurou inquérito para apurar uma suposta agressão que teria ocorrido a um médico veterinário da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc) durante uma visita de rotina e fiscalização ao frigorífico Malvessi, em São José do Cedro. Na última sexta-feira, dia 6, após identificar irregularidades no frigorífico, fiscais agropecuários interditaram a indústria. O fato teria desagradado os proprietários e funcionários e um dos fiscais da Cidasc, Guilherme Takeda, teria sido agredido e ameaçado, o que o levou a registrar o Boletim de Ocorrência.
O delegado da comarca, Cléverson Muller, disse que aguarda mais informações para se pronunciar sobre o caso. Porém, ele informou que o inquérito vai apurar se realmente houve os crimes de lesão corporal, desobediência, resistência, ameaça e crime contra as relações de consumo. A reportagem conversou com Guilherme Takeda, que preferiu não dar detalhes do ocorrido e que prefere aguardar o desfecho do inquérito. Ele apenas confirmou que foi agredido e ameaçado e que pegou 15 dias de atestado.
Na segunda-feira, dia do médico veterinário, em repúdio ao ocorrido, profissionais de toda a região, bem como outros funcionários da Cidasc, participaram de um protesto na cidade de São José do Cedro. O manifesto consistiu em passeata da sede da Companhia no município até o Fórum, passando pela prefeitura, seguindo até em frente ao frigorífico interditado. Eles conversaram com o prefeito Plínio de Castro e explicaram o porquê do manifesto que reuniu em torno de 30 profissionais em defesa da classe veterinária.
Durante a reunião, Plínio de Castro não quis emitir juízo de valores sobre o incidente, preferindo aguardar uma apuração oficial dos fatos, mas declarou que repudia qualquer tipo de agressão e violência. “Pedimos desculpas em nome da população e da Administração pelo ocorrido. Sabemos que os fiscais estavam no exercício de suas funções”, afirmou. O prefeito também informou que pretende relatar os acontecimentos ao Secretário Estadual de Agricultura e ao Ministério Público.
Na tarde de ontem, a direção do frigorífico emitiu uma nota de esclarecimento assinada pelo proprietário, O ex-vice-prefeito do município Antoninho Malvessi. Com relação à suposta agressão, a nota diz que a empresa está apurando, mas alega não possuir qualquer relação com o ocorrido e coloca-se à disposição da justiça para resolver e colaborar com a solução do caso. Segundo a nota, através de reunião entre a empresa e o órgão fiscalizador, pautou-se pela suspensão do abate temporariamente para adequações que já estão sendo realizadas com o objetivo de melhor atender ao consumidor.
22 AUTUAÇÕES
Segundo o gerente regional da Cidasc de São Miguel do Oeste, Dandaelei Meneghetti, apesar da relevãncia do frigorífico para o município, pois envolve diretamente 60 famílias, a Cidasc precisa se preocupar em primeiro lugar com a saúde pública. Segundo ele, já haviam sido feitas 21 autuações contra o frigorífico, sendo que a de sexta-feira foi a 22ª. Meneghetti explica que, como as adequações não foram realizadas, foi decidido por interditar o estabelecimento.
Conforme o gerente, as irregularidades estariam em questões estruturais e de higiene. Conforme Meneghetti, na tarde de segunda-feira foi realizada nova vistoria e, apesar dos proprietários terem feito algumas limpezas durante o final de semana, ainda assim está inapto à liberação. Segundo o gerente, na segunda feira mais de 800 quilos de carne sem condição de consumo foram descartadas.
NOTA DE REPÚDIO
A Associação dos Fiscais Estaduais Agropecuários de Santa Catarina (Afea-SC) emitiu nota de repúdio e considerou a agressão como um ato covarde. A nota exige que Cidasc faça o seu papel de apoio ao colega agredido, garantindo sua integridade física, acionando o jurídico para acionar criminalmente os responsáveis e casse definitivamente o SIE do referido estabelecimento.
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