A partir do dia 7 de agosto os consumidores residenciais vão pagar 12,9% a mais na conta de luz. Para as indústrias, o aumento chega a 19,15%.
O reajuste da Celesc foi aprovado ontem pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e incindirá sobre as 2,5 milhões unidades consumidoras de Santa Catarina e do Paraná. O reajuste é o maior dos últimos oito anos.
O presidente da Celesc, Cleverson Siewert, explica que o aumento da tarifa é um reflexo da demanda por energia térmica no Brasil. No ano passado, segundo ele, a Aneel havia previsto a compra de R$ 52 milhões de energia térmica ao mês pela estatal. No entanto, a Celesc precisou desembolsar R$ 150 milhões mensais com a fonte termelétrica.
Dólar influenciou no aumento da tarifa
Outro fator que impulsionou o aumento da tarifa, de acordo com Siewert, foi a alta do dólar, moeda usada na compra de energia da hidrelétrica de Itaipu, no Paraná.
O presidente da Celesc destacou ainda que o Brasil vem mudando a matriz energética, substituindo grandes reservatórios de água por pequenas centrais hidrelétricas (PCH) e compensando a menor geração de energia com termelétricas.
Para se ter uma ideia desta mudança, em 2001 — ano de racionamento — o Brasil utilizava 3 mil megawatts/hora (MWh) de termelétricas. Em 2013, a quantidade subiu para 13 mil MWh. O problema, como expõe o executivo, é que a energia térmica é mais cara que a hidrelétrica. Segundo ele, a Celesc tem pago R$ 100 por MWh de energia hidrelétrica e R$ 1 mil pela mesma quantidade de termelétrica.
Siewert elogiou o esforço do governo em baixar a tarifa no início do ano e argumentou que o desconto médio de 19% em SC garantiu uma queda na tarifa da Celesc no acumulado dos últimos quatro anos.
Indústria terá maior impacto
Para a indústria — dependendo da classe consumidora em que o setor se encaixa — o reajuste aprovado pela Aneel ficou entre 10,85% e 19,80%. Como o setor representa 41% dos consumidores da Celesc, o aumento terá impacto direto nos custos do setor produtivo do Estado, como afirma o presidente da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), Glauco José CÔrte.
— O nível do aumento foi muito elevado. É o dobro da inflação do último ano e representa uma elevação de custos relevante para o setor industrial, que tem na energia um dos principais insumos — observa CÔrte.
De acordo com ele, os reajustes no próximo semestre das demais distribuidoras de energia no país, devem seguir o mesmo patamar de aumento da Celesc.
Questionado sobre o motivo pelo qual o reajuste da Celesc foi bem maior que o da Eletropaulo (SP), que em julho aumentou a tarifa em 0,28% aos consumidores, o presidente da estatal, Cleverson Siewert, respondeu que, na verdade, a Aneel havia reconhecido um reajuste de 17% na tarifa da distribuidora paulista.
Ontem, a catarinense Ienergia também anunciou reajuste nas tarifas para consumidores residenciais (5,87%) e para a indústria (10,01%). Em abril foi a vez da Ampla Energia, no Rio de Janeiro, elevar a conta de luz em 11,93% (residências) e 12, 43% (indústrias); e da Companhia Energética do Ceará que aumentou as tarifas para 3,44% e 1,47%, respectivamente. Todos estes valores abaixo do reajuste aprovado pela Aneel para a Celesc.
O presidente da Celesc acredita que o país dependerá cada vez mais das térmicas e que os brasileiros podem esperar medidas que diminuam o impacto do alto preço da energia termelétrica no reajuste da conta de luz.
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