Em julho, o número de catarinenses endividados cresceu 2,2 pontos percentuais, subindo de 86,5% em junho para 88,7%. É o que mostra a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência dos Consumidores (PEIC) divulgada nesta quarta-feira pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Santa Catarina (Fecomércio-SC).
Ainda segundo o estudo, na comparação anual também houve crescimento, de 2,8 pontos percentuais. E as famílias com renda superior a 10 salários mínimos continuam sendo as que mais contraíram dívidas (92,2%), comparando com as de renda inferior (87,7%).
Em um cenário geral, o nível de endividamento das famílias apresentou melhora mensal, revelando pequena queda dos muito endividados (0,3 pontos percentuais), passando de 20,5% em junho para 20,2% em julho, e dos mais ou menos endividados, que passaram de 47,3% para 45,4%. Houve expressivo aumento dos pouco endividados: de 18,6% para 23,1%. Por fim, aqueles que responderam não ter dívidas desse tipo somam 11,3%.
Cartão de crédito permanece como maior agente
O cartão de crédito é o líder dos agentes no endividamento catarinense. Pelo menos 57,7% dos entrevistados declararam usar essa forma de pagamento nas compras. Em segundo, terceiro e quarto lugar aparecem, respectivamente, os carnês (11,9%), os financiamentos de carros (11,7%) e os financiamentos de casas (10%).
Contas em atraso
Conforme a pesquisa, a quantidade de famílias com contas em atraso também apresentou crescimento na comparação entre julho e junho. De 23,3% de famílias com contas em atraso em junho, em julho foram 25,0%.
Outro dado revelado é que o tempo com contas em atraso se concentra acima de 90 dias, representando 59,2%. O período entre 30 e 90 dias é de 20,2%. E o mais curto, até 30 dias, apresenta 18,8%. Em geral, a média de tempo em dias para quitação das dívidas em atraso ficou em 69,5 dias, dado pior do que o apurado no mês anterior (66,9 dias).
Impacto nas vendas do varejo
Para o economista da Fecomércio SC, Maurício Mulinari, essa situação problemática do endividamento familiar, alinhada com uma estagnação dos ganhos de renda advinda pela inflação elevada, vem impactando claramente as vendas do varejo, que demonstram um claro processo de desaceleração.
Se o volume de vendas do varejo catarinense crescia 8,5% ao ano em maio do ano passado, em maio deste ano passaram a crescer 3,6% ao ano (últimos dados disponibilizados pelo IBGE).
— Por outro lado, se o varejo vem sentindo o impacto do endividamento em seu volume de vendas, não existe risco de um aumento descontrolado da inadimplência. Ou seja, o que fica prejudicada é a capacidade das famílias efetivarem novas compras com o recurso do crédito, o que aprofunda o quadro de desaceleração do crescimento da economia brasileira como um todo — explica Mulinari.
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