Home Governo encaminha compra de área para instalação de comunidade rural para índios em Bandeirante

Governo encaminha compra de área para instalação de comunidade rural para índios em Bandeirante

Última atualização 15 de abril de 2013 - 16:12:10

BANDEIRANTE

O Governo de Santa Catarina vai solucionar um impasse entre indígenas e agricultores da região Oeste do Estado de uma maneira diferente. O governador Raimundo Colombo e o secretário da Agricultura e da Pesca João Rodrigues se reuniram, nesta segunda-feira, 15, com lideranças indígenas e de agricultores para acertar os últimos detalhes da compra de um terreno que vai abrigar 31 famílias que reivindicavam a demarcação de uma área entre Saudade e Cunha Porã. “Com a boa vontade de evitar conflitos e fazer com que as pessoas vivam melhor, o governador determinou a aquisição de uma área de terra no município de Bandeirante que será transformada não em área indígena e não em uma aldeia, mas em uma comunidade rural para os índios. É a primeira vez que um Governo do Estado adquire um terreno para solucionar o impasse”, explicou o secretário.

Na reunião, representantes dos indígenas e dos agricultores entregaram um documento apresentando o acordo entre as duas partes, que também foi enviado ao Ministério Público Federal. Assim, a ideia de oferecer uma terra em que indígenas possam viver e manter suas tradições foi aprovada em consenso por todas as partes. “Daqui temos que tirar um exemplo, um modelo para a solução de conflitos no Estado e para todo o resto do país”, afirmou o governador. Colombo colocou à disposição dos envolvidos, desde o ano passado, uma equipe de técnicos da administração estadual para realizar os trãmites legais por parte do Governo. Também participou da reunião o Coordenador Regional Interior Sul da Fundação Nacional do Indío (Funai), AntÔnio Isomar Marini.

Nessa área que será comprada com recursos próprios do Estado, R$ 10 milhões, os indígenas terão o acompanhamento de um técnico agrícola da Epagri e vão ter a primeira lavoura preparada com a ajuda de agricultores da região do Araçá. Também vão receber o apoio do Governo e da secretaria da Agricultura em áreas que vão ajudar a garantir a subsistência e independência dessa comunidade indígenas. De acordo com Rodrigues, o apoio vai “desde a criação de peixes à produção de grãos, a criação de gado, a reforma das casas existentes e a construção das outras necessárias para atender a necessidade dos indígenas.” Os antigos proprietários do terreno, de comum acordo com o secretário, vão deixar pelo menos 50 cabeças de gado e alguns cavalos para atender os índios.

As famílias indígenas tinham conseguido com a Funai o direito a um território na fronteira entre os municípios de Cunha Porã e Saudade, onde já vivem e trabalham 170 famílias, pequenos agricultores que têm as escrituras de suas terras. A decisão da Funai foi parar na Justiça e, enquanto não acabava o julgamento, a região permanecia com um clima de tensão entre os índios e os agricultores. O impasse dura dois anos.

Agora, assim que for paga a primeira parcela, há o compromisso por parte dos índios de se instalar na propriedade e colaborar nos trabalhos de estruturação. A mudança de postura pode ser percebida até no nome do movimento dos agricultores que buscavam uma solução para o impasse. De “Defesa, Propriedade e Dignidade”, o nome teve acrescentado no final duas novas palavras: Justiça Social. “Dá para fazer uma comunidade modelo para o Brasil”, disse Ary Paliano, coordenador técnico da Funai.

O Governo do Estado já realizou os atos administrativos e diligências necessários para a compra de área no município de Bandeirante e o processo está em fase final. O cronograma foi estabelecido e os pagamentos, em parcelas, devem ser iniciados nos próximos meses. Alguns detalhes finais estão sendo acertados na tarde de hoje em reuniões entre a Agricultura e os indígenas para estabelecer a estrutura necessária para a instalação no terreno.

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