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'Para esse médico não tem perdão', diz pai de menina baleada no Rio

Última atualização 31 de dezembro de 2012 - 10:58:07

“Para esse médico não tem perdão” , afirmou, nesta segunda-feira (31), Marco AntÔnio, o pai da menina Adrielly dos Santos, de 10 anos, que teve morte encefálica neste domingo (30), após ser atingida por uma bala perdida na cabeça na noite de Natal, em Piedade, no Subúrbio do Rio. Ele chegou por volta de 7h30 ao Hospital Souza Aguiar, no Centro, onde ela está internada. Com a aparência abatida, ele disse que se não fosse pela falta do médico no Hospital Salgado Filho, no Méier, para onde a criança foi levada no dia do ferimento, para realizar a cirurgia de retirada do projétil, Adrielly poderia estar viva.

“Minha filha ficou mais de oito horas esperando atendimento, sem médico para atender, sem ambulãncia para remover. Eu acho isso um absurdo. A gente trabalha todo mês é descontado do nosso salário, a gente paga hospital, paga INSS, e no fim das contas a gente leva isso aí. É isso que a acontece. A gente é tratado como ‘João ninguém’, um nada. É uma falta de respeito muito grande com a população, não só com a minha filha, mas com as outras pessoas que deixaram de ser atendidas, crianças e idosos que chegaram feridas naquela noite e não tinha ninguém para atender”, declarou Marco AntÔnio, bastante emocionado.

Marco AntÔnio responsabilizou o neurocirurgião Adão Orlando Crespo Gonçalves, que foi afastado temporariamente do cargo, segundo a Secretaria Municipal de Saúde, após faltar o plantão.

“A gente está arrebentado. Nós perdemos um pedaço da gente. Eles não só conseguiram acabar com a alegria e a felicidade de uma criança, como conseguiram destruir duas famílias ao mesmo tempo, a minha e da minha esposa, amigos, parentes, os mais próximos, está todo mundo sentido. Isso chocou o Brasil inteiro. Eles têm que colocar a mão na consciência. Principalmente este médico para ele ver o que ele fez na vida de todo mundo. Ele conseguiu destruir tudo, acabar com tudo o que agente tinha que mais amava”, acrescentou.

Acompanhado de parentes e amigos, ele aguardava, na manhã desta segunda-feira, orientações médicas, mas não descartou a doação de órgãos. “Ela teve morte encefálica, mas o coração dela continua batendo, só que ela não tem mais nenhuma chance de vida. Eu penso em doação de órgão, mas não posso tomar nenhuma atitude sem o consentimento da minha esposa. O que ela decidir para mim está bom”, afirmou.

Marco AntÔnio e familiares deixaram o Hospital Souza Aguiar nesta segunda por volta de 9h. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde do Rio, Adrielly permanecia respirando com a ajuda de aparelhos em torno deste horário.

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