São quase 20 anos desde que a dona de casa Morgana Maria Quadros, 47 anos, ex-moradora de Joinville e que agora recomeça a vida em Balneário Barra do Sul, realizou sua última cirurgia cesariana.
Após o nascimento do seu quarto filho, em 1993, ela começou a sentir fortes e misteriosas dores na região do abdÔmen. Somente sete anos depois, em junho de 2000, ela descobriu um fragmento de agulha dentro de seu organismo.
Morgana entrou na Justiça para tentar condenar o Estado pelo erro médico. Em outubro, o resultado positivo: ela ganhou
o processo em segunda instãncia. O valor da indenização é de R$ 20 mil, mais correções.
Ainda cabe recurso ao Estado. Mesmo com a boa notícia, ao contar a história, Morgana ainda se emociona.
— Nem todo o dinheiro do mundo irá pagar o sofrimento que eu passei.
O primeiro dos quatro filhos veio em 1985. O último, em 1993. Todos nasceram na Maternidade Darcy Vargas em cirurgias cesarianas e foram atendidos por diferentes médicos. Hoje, os filhos são casados. Mas a história de vida desta família foi transformada em pesadelo durante os anos que a dona de casa conviveu com as fortes dores.
— Depois do nascimento do meu último filho, comecei a sentir muitas dores na região do abdÔmen, próximo à virilha. Teve dias que não conseguia fazer nada por causa da dor, nem as coisas simples —, conta Morgana. Na época, a mulher era massoterapeuta, tinha um consultório próprio, e seu casamento ia bem.
—
Mas as dores foram aumentando com o tempo e meu marido me abandonou. Ele não acreditava, achou que eu estava inventando. Me deixou com as crianças —, relembra.
A descoberta
Em junho de 2000, a dona de casa fez uma radiografia da coluna e finalmente descobriu o motivo de tanto incÔmodo. Um fragmento de agulha, usada em das cirurgias cesarianas, foi encontrada dentro do seu organismo, na região da virilha.
— Ninguém acreditava. Procurei médicos, fiz perícias, e ninguém me respondia, me acalmava ou me ajudava. Em uma das perícias que tive, me perguntaram se não fiz parte de nenhum culto de magia negra, onde pudessem ter colocado uma agulha dentro de mim —, conta a dona de casa ainda abismada.
Poucos meses depois, exatamente em 15 de setembro daquele ano, Morgana realizou sua quinta cirurgia cesariana, não para a retirada de um bebê, mas sim, da agulha.
— Tive que ficar de repouso como se tivesse realizado um parto. Foi muito transtorno. Acabou com minha vida, perdi meu consultório, abandonei a massoterapia. Mas não quero esquecer este tempo. Quero que a justiça seja feita —, afirma Morgana.
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