Dezembro é o mês em que a falta de energia ocorre com maior frequência em SC. Nesta semana, houve queda no abastecimento por quatro dias na Grande Florianópolis e Vale do Rio Tijucas, com destaque para sexta-feira, quando 11,5 mil unidades consumidoras ficaram sem luz em sete cidade por causa da sobrecarga na rede e de temporais. E o histórico revela que este é apenas o começo.
Na sexta-feira, o aumento de consumo de energia — causado por uma forte onda de calor com até 41ºC — sobrecarregou o sistema da Celesc na Grande Florianópolis. De acordo com a estatal, 5.092 unidades ficaram sem luz em quatro cidades (Florianópolis, São José, Palhoça e AntÔnio Carlos).
No Vale do Rio Tijucas, um temporal derrubou postes e a rede teve que ser desligada para 4.462 unidades para reparos e troca de equipamentos em três municípios (Tijucas, Nova Trento e Canelinha). Nas ruas do Centro de Florianópolis, outras duas
ocorrências foram registradas durante a semana, quando houve interrupção por três horas não-consecutivas.
Um dos clientes prejudicados em Florianópolis, na sexta-feira, foi o aposentado Lody de Souza Nunes Filho, que
mora no Centro e ficou sem energia por sete horas, entre 11h30min e 18h35min.
Ele conta que ouviu dois estouros e, logo em seguida, percebeu que sua casa estava sem luz. Ele chamou uma equipe da Celesc, que verificou a queima de um dos transformadores, em função da sobrecarga na rede de energia. Situação semelhante aconteceu em São José, Palhoça e AntÔnio Carlos.
No comparativo dos últimos 12 meses, os problemas aumentam em mais de 50%, se comparado com a média entre abril e setembro, entre novembro e fevereiro (veja na arte).
Baixa produção piora o problema
O gerente executivo do Operador Nacional do Sistema (ONS), Manoel Botelho, afirmou, na última quinta-feira, em Porto Alegre, que há possibilidade do abastecimento de energia ser reduzido para determinadas regiões caso o aumento no consumo cresça de forma rápida em algum ponto da rede interligada.
Como se não bastassem os números que mostram o problema crescendo na época em que há aumento no consumo de energia, as perspectivas são de haver cada vez menos energia na rede em função da baixa quantidade de água nos reservatórios das hidrelétricas. Nos reservatórios do Sul, Sudeste e Centro-Oeste, a situação é a mais grave desde 2001.
A capacidade de gerar energia nas hidrelétricas de SC representa 5,94% do que é gerado no país. E este ano, segundo previsões da Celesc Distribuição, a estimativa é que o total não ultrapasse 88% do gerado em 2011. Essa quantidade representa apenas 15% do que é
consumido em SC.
Os 85% restantes são obtidos de outros estados e chegam à rede da Celesc pelo sistema interligado do Operador Nacional do Sistema (ONS).
Mas para o engenheiro Gustavo Rocha, do Departamento de Comercialização da Celesc, o risco de falta de energia é muito pequeno, pois o período úmido está começando nas regiões Norte e Centro-Oeste do país. A previsão dele é que, com esta temporada de chuvas, haja recuperação dos níveis dos reservatórios.
— A situação ainda é de alerta, e todas as usinas térmicas do país estão gerando para preservar a água dos reservatórios — sentencia.
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