Home No Dia da Limpeza, cinco metros cúbicos de lixo são recolhidos na Reserva do Arvoredo em Santa Catarina

No Dia da Limpeza, cinco metros cúbicos de lixo são recolhidos na Reserva do Arvoredo em Santa Catarina

Última atualização 22 de novembro de 2012 - 08:39:53

No fundo de um dos maiores paraísos ecológicos do Brasil, aReserva Biológica Marinha do Arvoredo, entre Florianópolis e Bombinhas, foram encontrados lixo de todas as espécies. De linhas e redes de pesca a panela e até porta de geladeira. Isso tudo foi retirado das águas e costões, nesta quarta-feira, no Clean Up Day, o dia da limpeza, que pela primeira vez é realizada no santuário natural e recolheu cinco metros cúbicos — o que equivale a cinco caixas d'águade mil litros —de materiais que destroem a vida marinha.

>>> Vejamais notíciassobre a Reserva Biológica Marinha do Arvoredo

O relógio marcava 9h quando as 10 embarcações da atividade, realizada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), com o apoio do Ministério Público Federal, chegaram na reserva. Participaram barcos e lanchas da Marinha do Brasil, da Polícia Federal e das empresas ligadas à Associação das Escolas e Operadoras de Mergulho do Estado de Santa Catarina (Aeomesc) e do próprio ICMBio. Todos unidos para limpar as águas, onde vivem espécies de peixes coloridos como o frade, a donzelinha, sargentinho e salema, além de corais raros.

Confira o vídeo sobre a limpeza na Reserva do Arvoredo

Parte da equipe limpou os costões, onde foram encontrados até cadeiras e, principalmente, garrafas pets e sacos de lixos. Mergulhadores entraram mar adentro a mais de 20 metros de profundidade para retirar linhas e redes trazidas pelas correntezas ou por embarcações que entram escondidas na área proibida.

— Encontramos até uma rede de 15 metros preso no fundo do mar. Chamamos de rede fantasma, pois fica constantemente matando os peixes do costão, que se enroscam e não conseguem mais sair. A tartaruga verde é outra vítima do lixo, pois acaba comendo sacos plásticos, o que entope o trato digestivo dela e mata —explica o analista ambiental do ICMBio, Leandro Zago da Silva.


Lixo recolhido da reserva
Foto: Charles Guerra/Agência RBS

Para o presidente da Aeomesc, Julio Cesar da Silva, a ação serve para oferecer um momento de educação ambiental aos alunos das escolas de mergulho. Ao contribuir com a natureza, em troca quem caiu no mar teve a chance de conhecer as profundezas da reserva, onde a visitação pública é proibida, salvo exceções como pesquisa e educação ambiental.

— Lá dentro é mais bonito. A quantidade de vida marinha é indescritivelmente maior do que na parte do mar fora da reserva. Pena é ver o lixo — diz o piloto de helicóptero Luiz Carlos Schling Cruz, que mergulha por lazer e contribuiu com o multirão.

Conforme o chefe da reserva Ricardo Castelli, a ideia é realizar o dia da limpeza a cada três meses. Após quatro horas de força tarefa, o lixo recolhido foi encaminhado ao setor de reciclagem da Companhia Melhoramentos da Capital (Comcap).


Porta de geladeira recolhida no Dia da Limpeza
Foto: Charles Guerra/Agência RBS

A região da Ilha do Arvoredo, com 17,6 mil hectares — equivalente a 16 campos de futebol foi oficializado como reserva em março de 1990. Após 22 anos restrito à preservação da vida marinha, ainda tramita no Congresso propostas para fazer da reserva um parque nacional.

Neste ano, parlamentares catarinenses retomaram a ideia de transformar o local em parque em conversas com o Ministério do Meio Ambiente e com o ICMBio. Nada ainda foi decidido.

Enquanto a reserva determina a preservação total dos recursos naturais, com a proibição de visitação — exceto as de caráter educacional e de pesquisa —, o parque nacional permitiria a realização de atividades de recreação, educacionais e de turismo ecológicos. Em ambos os casos, pesca e construções ficam proibidas.

O assunto é polêmica entre instituições e especialistas por olocal conter algas e corais raros, além de abrigar e ser rota de passagem de espécies ameaçadas de extinção. Por outro lado, o parque impulsionaria o turismo de mergulho.

A Rebio Marinha do Arvoredo é um das duas únicas reservar com conservação exclusivamente marinha no país. A outra é a Atol das Rocas, no Rio Grande do Norte.

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