Ex-governador do Estado, LHS teve o nome levantado por peemedebistas independentes em um jantar realizado na terça-feira, em Brasília. No dia seguinte, recebeu o apoio de senadores de outras siglas, como PDT, PSDB e PP, o que lhe animou para a disputa, apesar de ver a candidatura em “estado embrionário”.
Um novo jantar ficou acertado para o final do mês, agora na casa do senador Cristovam Buarque (PDT-DF), com o objetivo de avaliar o andamento da campanha.
— Eu nunca postulei o cargo, fiquei honrado pela lembrança. Agora, só aceito a indicação se fluir como consenso, sem desgaste no partido — afirma o parlamentar.
Para chegar ao comando do Senado, o catarinense terá de vencer uma complicada queda de braço dentro do próprio partido, já que o PMDB trabalha com a eleição de Calheiros, escolha referendada pelo Planalto.
A prova do prestígio do alagoano é a atual relatoria da MP da energia elétrica, assunto prioritário para o governo conseguir colocar em prática o plano de redução das contas de luz.
Com maioria, PMDB tem a preferência
A troca de comando no Senado ocorre em fevereiro. Com maioria, o PMDB do atual presidente José Sarney (AP) tem a preferência para apontar o sucessor. Neste processo, a indicação de uma alternativa à Calheiros já era aguardada. Em 2011, quando Sarney se elegeu, houve uma tentativa frustrada de emplacar Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) ao cargo.
Já na eleição que se avizinha, quem aparecia como concorrente de Calheiros era Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE). Contudo, a reunião de terça concluiu que a vitória de LHS é mais viável. A análise leva em conta o bom relacionamento com a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, e com o governador Raimundo Colombo (PSD).
No governo, o senador goza do apreço da presidente Dilma Rousseff (PT), em especial após as negociações que envolveram o novo Código Florestal e a ida da montadora BMW para Santa Catarina.
Por enquanto, o governo e a cúpula do PMDB trabalham com Calheiros à frente do Senado e Henrique Alves (PMDB-RN) no comando da Cãmara, acordo costurado há meses. Alves confirmou a candidatura, contando com apoio declarado de Dilma.
Já a demora de Calheiros seria estratégica. Nos bastidores, o alagoano não esconde o desejo de retornar ao posto que ocupou entre 2005 e 2007, quando renunciou para escapar da cassação do mandato. Temeroso de que imprensa relembre o caso ou traga novas denúncias, o senador pretende adiar a confirmação da candidatura o máximo possível. O passado conturbado também ajuda a ampliar o coro a favor de Luiz Henrique.
— É natural que surjam outras opções, já que o Renan não se decide. A candidatura de Luiz Henrique pode ganhar corpo — prevê um interlocutor com trãnsito no Planalto.
ENTREVISTA
Luiz Henrique da Silveira, senador (PMDB)
“Só aceito se tiver consenso”
Ex-governador do Estado (2003-2010), homem de boas relações no Congresso e também no Palácio do Planalto, o catarinense Luiz Henrique da Silveira aparece como nome alternativo ao colega Renan Calheiros na futura eleição
para presidência do Senado.
Em entrevista à sucursal do Grupo RBS em Brasília, o peemedebista comenta a possibilidade de concorrer ao mais alto cargo do Parlamento.
Diário Catarinense — O senhor é candidato à presidência do Senado?
Luiz Henrique da Silveira —Tive o nome lembrado por vários companheiros em uma reunião na terça-feira. No dia seguinte, recebi o apoio no plenário de outros partidos. Vejo a candidatura à presidência em “estado embrionário”.
DC — Mas será uma candidatura de oposição ao nome de Renan Calheiros?
LHS —Nunca postulei o cargo, fiquei honrado pela lembrança dos colegas. Agora, só aceito a indicação se fluir como consenso, sem desgaste no partido, sem disputa interna. A candidatura precisa fluir naturalmente.
DC — O senhor prefere concorrer sem racha no partido?
LHS —Como disse, a candidatura não pode decorrer de uma disputa no partido. O PMDB tem outros nomes para a presidência do Senado, como o Eduardo Braga (AM). Ainda há tempo para o partido estudar, avaliar as opções. A decisão deve ser tomada até o final de dezembro.
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