Ao receberem as requisições finais da Fifa para instalações provisórias, as cidades-sede da Copa-2014 ficaram assustadas com o aumento de custo com seus estádios e já pediram ajuda ao governo federal. Há estimativas iniciais que indicam entre R$ 20 milhões e R$ 40 milhões os gastos extras por sede, valor que pode dobrar no caso das que receberão a Copa das Confederações.
No meio do ano, a Fifa entregou um plano inicial para as instalações provisórias das arenas na competição de 2013. Mas as requisições finais só chegaram no mês de outubro. Os planos para a Copa-2014 devem ser recebidos no final deste ano. Os valores se somam aos cerca de R$ 7 bilhões de custo para a construção ou reforma dos 12 estádios.
Todas as cidades-sede já tiveram acesso às demandas da entidade. Fizeram reuniões entre elas e ficaram preocupadas com os custos envolvidos.
A partir daí, fizeram um pedido ao governo federal por ajuda. Mas o Ministério do Esporte, por enquanto, não sinalizou que pretende entrar com dinheiro até porque governos estaduais e municípios são encarregados de cobrir esses custos.
As cidades-sede são responsáveis por “espaço de mídia, espaço de voluntários, escritórios de competição, segurança e controles de acesso”, explicou o COL (Comitê Organizador Local). Cabe à Fifa e ao comitê viabilizar instalações para broadcast [transmissão televisiva], Hospitality [centros de recepção de patrocinadores e vips], ingressos, credenciamento, marketing, adereços e serviços de tecnologia. É o que está estabelecido no contrato de cada estádio.
“Fizemos um consulta pública com empresas que executam esse tipo de serviço. É um valor alto, mas era um investimento previsto”, contou a chefe de gabinete da Secretaria de Copa da Bahia, Lilian Pitanga, que fará outras audiências antes da licitação.
Ela ressaltou que ainda não tem um preço para as instalações pois a concorrência ainda não está definida. Mas disse que, por consultas iniciais, esse valor seria entre R$ 20 milhões e R$ 30 milhões. Esse custo está fora da PPP (Parceria Público-Privada) com a Odebrecht para construção e gestão do estádio.
OUOL Esporteapurou que Minas Gerais fez um levantamento que levou a uma estimativa de preço entre R$ 30 milhões e R$ 40 milhões. Mas a assessoria da Secretaria de Copa do Estado não quis comentar a informação.
Obras da Copa – Outubro de 2012
Há detalhes específicos para cada uma das sedes, que podem encarecer ou baratear esse valor. Um exemplo é Manaus. O governo do Estado do Amazonas estuda fazer melhorias no Sambódromo para receber parte das instalações necessárias. Ou seja, faria reformas permanentes.
“Às vezes, pode ter uma situação mais cara, mas que fica para o Estado como um bem permanente”, explicou o coordenador de Copa para Manaus, Miguel Capobiango.
Outro fator que vai incrementar significativamente o valor é a inclusão na Copa das Confederações. Segundo o COL, as requisições para Copa-2014 e para a competição de 2013 são similares, com a diferença de tamanho.
Mas os Estados entendem que deve haver dois tipos de contratação, um para cada competição. É o que explicou o o secretário para Copa para Pernambuco, Ricardo Leitão, e também outros gestores dos Estados.
“Nosso jurídico recomendou que fossem feitas duas licitações e contratações diferentes. E que se usasse a experiência da primeira competição para a segunda”, confirmou Lilian Pitanga, da Bahia.
Isso aumentou a preocupação e a demanda de Estados em relação aos custos com as instalações provisórias. Por isso que já foi pedida ajuda ao governo federal.
“Isso vai entrar na matriz de responsabilidade. Queremos que tenha um sistema de financiamento, que poderia ser pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento EconÔmico Social)”, sugeriu Ricardo Leitão.
Há quem defenda que o governo federal dê dinheiro direto para os Estados para financiar essa conta extra. “Ideal seria que o governo [federal] assumisse porque está ficando pesado para caramba [a conta da Copa]. O governo poderia usar como legado como em investimentos em segurança”, disse Miguel Capobiango, do Amazonas.
Questionado sobre a possibilidade de ajuda às sede com esse item, o Ministério do Esporte foi seco na resposta: “A responsabilidade pelas instalações provisórias nas sedes da Copa é das próprias cidades-sede. Ao Ministério do Esporte, na função de coordenador do Gecopa, cabe monitorar o andamento dessas obras”, afirmou a assessoria do órgão.
A conta não é baixa. Com a estimativa média em torno de R$ 30 milhões por estádio, em cada competição, o total a ser gasto com instalações provisórias pode girar em torno de R$ 540 milhões, consideradas as necessidades para a Copa-2014 e para a Copa das Confederações-2013.
“As cidades-sede são responsáveis por obter a informação de orçamento, que vai depender das condições de mercado. Cada estádio vai ter seu processo, e os custos depende de muitas variáveis”, explicou o COL.
Há também a necessidade de celeridade. Como a Fifa demorou para entregar as requisições finais, que são complexas, os processos de licitação ainda estão no início em algumas sedes e ainda nem começaram em outras. E faltam oito meses para a Copa das Confederações. A vantagem é que a montagem dessas instalações é rápida.
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