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Como se vingar de uma traição?

Última atualização 4 de outubro de 2012 - 14:16:02

Armar o maiorbarracoem público ao descobrir umatraiçãoestá totalmente fora de moda. O que tem feito muitas de nós se sentirem vingadas de fato é botar a ficha do criminoso na internet, com direito a foto e detalhes do desempenho sexual, para alertar futuras “vítimas” dos riscos que correm. Pelo menos é o desejo de centenas de mulheres do mundo todo, inclusive brasileiras, quando se cadastram no polêmico site americano Don’t Date Him, Girl! (Não saia com ele, garota!). Ok, a atitude é ultra-arriscada – afinal, bancar a internauta em fúria pode detonar um processo por difamação. Mas que dá vontade de imitar a Uma Thurman no filme Minha Super Ex-Namorada e arruinar a vida do ex usando megapoderes… ah, isso dá. Faz parte dos nossos instintos querer dar o troco: estudos comprovam que a vingança aciona uma região do cérebro responsável pelo prazer da recompensa. Ou seja, ver um traidor pagar pelo erro equivaleria a receber um aumento de salário!

Foi mais ou menos essa a sensação experimentada pela arquiteta Caroline*, de 28 anos, enquanto marretava o carro do enganador e, mais tarde, curtia uma noite de luxúria com o primo dele. Tanta ira tinha motivo: três semanas antes de subir ao altar, ela descobriu que o miserável dormia em cama alheia havia seis meses! Outra que soltou os demÔnios foi a esteticista Melissa, de 35 anos. Depois de ficar viúva, soube que o marido recebera uma declaração de amor da melhor amiga dela. Então, foi à casa da traidora quando sabia que apenas a faxineira estava lá. Abriu os armários e queimou todos os sapatos e roupas da dissimulada em uma fogueira no quintal.

* Os nomes foram trocados para preservar a identidade das entrevistadas.

Você é 8 ou 80?

E depois dizem que a vingança é um prato que se come frio. Que nada. Quem foi traída quer ver sangue – mas se age por impulso quase sempre se arrepende e, pior, paga um preço alto pelo momento de fúria. Melissa está aí para provar. Ela sentiu uma alegria inenarrável enquanto a fogueira de roupas ardia no quintal. Apenas na delegacia (a outra prestou queixa pelo “incêndio”, claro) viu o tamanho da encrenca em que se meteu. Além de responder ao processo, perdeu a amiga: “Sei que não foi leal escrever a carta para o meu marido, mas, hoje, entendo que deve ter sido doloroso viver um amor não correspondido”, admite. Esse turbilhão de sentimentos é semelhante ao efeito das drogas, segundo a psicóloga Ana Stuart: na hora da vingança, a adrenalina corre pelas veias e o prazer é grande. “Depois, costuma dar uma depressão danada e a pessoa percebe que não adiantou – não trouxe o amado de volta”, diz.

“Vingança não tem a ver com justiça por ser cometida à luz de uma única perspectiva: a da pessoa ferida”, alerta Ana. E nem sempre esses motivos são os certos. “Quem se dá o direito de punir na maioria dos casos não quer compreender a outra parte. Às vezes, nem enxerga que ele mesmo pode ter contribuído para a situação”, completa Marcelo Toniette, psicólogo, psicoterapeuta e membro da Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana. Ana concorda: “Não existem culpados e inocentes nas relações. Mesmo que de forma inconsciente, em muitos casos somos nós quem permitimos que essas coisas nos aconteçam”. Caroline chegou a essa conclusão. “Estava centrada na minha carreira e nos preparativos do casamento, e ignorei os indícios de que a relação ia mal. Preferi me enganar e acreditar que tudo se resolveria com o 'sim'”, reconhece.

A réplica light

Não é que você deva encarnar a santa com coroa, mesmo porque reprimir o que sente dá até gastrite. Apenas considere que tem jeito de extravasar a raiva sem se prejudicar ainda mais. Regina Barreca, professora na Universidade de Connecticut, nos Estados Unidos, e autora de Doce Vingança – Os Prazeres Perversos da Desforra (Record), dá um parãmetro para quando sentir vontade de punir aquele infeliz que a machucou. “Imagine se conseguiria contar seus planos de vingança às amigas e rir da história junto com elas. Caso se envergonhe da ação, é sinal de que estava prestes a ir longe demais”, ensina, sugerindo uma réplica, digamos, light. Vamos supor que flagre o namorado com sua colega de trabalho. Em vez de fazê-los perder o emprego, os amigos ou humilhá-los até implorarem perdão, que tal se inspirar na atitude da leitora Márcia? Trocada por outra da noite para o dia, ela aguardou a chance de marcar encontro com o falsário numa festa e, quando o sujeito veio cheio de bossa, tascou um beijo… no amigo dele, um antigo paquera de quem estava a fim.

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